Classificada de antidemocrática, medida adotada a pedido de Boris Johnson leva milhares de britânicos às ruas do país. Petição contra a manobra reúne mais de 1 milhão de assinaturas. Opositores veem tentativa de golpe.
Por Redação, com DW - de Londres
A decisão do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de forçar a suspensão das atividades do Parlamento britânico na quarta-feira, gerou revolta no meio político e protestos em diversas cidades do Reino Unido. A medida, que deverá valer por cinco semanas a partir de 10 de setembro, é vista como uma tentativa de bloquear os esforços dos parlamentares contrários ao Brexit. Milhares de pessoas saíram às ruas para condenar a atitude de Johnson, considerada por muitos uma ameaça à democracia no país. Manifestações ocorreram em Londres, Edimburgo, Cardiff, Manchester, Bristol, Cambridge e Durham. A maior delas foi realizada em frente à sede do Parlamento, na capital britânica. Uma petição contra a suspensão do Parlamento reuniu mais de 1 milhão de assinaturas em menos de um dia. "O Parlamento não deve ser suspenso ou dissolvido a menos e até que o período do Artigo 50 (referente ao Tratado de Lisboa, que determina os procedimentos para os países que queiram deixar a União Europeia) seja suficientemente estendido ou que a intenção do Reino Unido de deixar a União Europeia tenha sido cancelada", dizia o texto da petição. Opositores chegaram a denunciar a manobra de Johnson como uma tentativa de golpe ou até uma "declaração de guerra". O premiê argumenta que a medida foi necessária para que o governo possa avançar com uma nova agenda legislativa "ousada e ambiciosa". – O Parlamento terá a oportunidade de debater o programa do governo como um todo e lidar com o Brexit – disse Johnson em carta aos parlamentares. A suspensão do Parlamento foi autorizada pela rainha Elizabeth II, que desempenha a função de chefe de Estado. O anúncio da manobra ocorreu pouco depois de as lideranças dos partidos de oposição concordarem em se unir para tentar bloquear um Brexit sem acordo. O líder da oposição, Jeremy Corbyn, definiu a medica como um assalto à democracia e reforçou a possibilidade de convocar uma moção de desconfiança que poderia resultar na deposição de Johnson pelo Parlamento, onde o premiê possui uma frágil maioria de apenas uma cadeira a mais do que a oposição. Corbyn enviou uma carta à Elizabeth II para expressar preocupação em relação aos planos de Johnson e pediu à monarca uma reunião privada para abordar o assunto, o que também foi feito pela líder do Partido Liberal Democrata, Jo Swinson. – Protestei nos termos mais fortes em nome do meu partido e de todos os outros partidos que vão se unir para dizer que suspender o Parlamento não é aceitável – disse Corbyn. "O que o primeiro-ministro está fazendo é uma espécie de assalto à democracia para forçar uma saída da União Europeia sem acordo."