Aos apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro repetiu que não tenta interferir na empresa, embora tenha demitido o presidente da empresa por discordar da política de preços que tem resultado em recorrentes reajustes no preço dos combustíveis.
Por Redação - de Brasília
Sem que o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, tenha deixado o cargo, o mandatário Jair Bolsonaro (sem partido) já adianta que seu objetivo com a possível nomeação do general Joaquim Silva e Luna para a direção da estatal do petróleo, é “dar uma arrumada" na empresa, diz ele.
Aos apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro repetiu que não tenta interferir na empresa, embora tenha demitido o presidente da empresa por discordar da política de preços que tem resultado em recorrentes reajustes no preço dos combustíveis.
— O que eu interferi na Petrobras? O que eu falei para baixar o preço (dos combustíveis)? Nada, zero. O que essa imprensa está fazendo? Tem muita coisa errada. O novo presidente (Silva e Luna) vai dar uma arrumada lá (Petrobras), pode deixar. Vocês vão ver a Petrobras como vai melhorar. Assim como se tiver que fazer qualquer mudança nós faremos. Não vem a imprensinha, a imprensa de sempre, não sei o quê. Não vai dar certo — declarou Bolsonaro, aos seguidores.
Promessas
A declaração de Bolsonaro acontece um dia depois de a Petrobras registrar perdas de mais de 20% em suas ações por conta da interferência do governo Bolsonaro. Ao final do pregão de segunda-feira, as ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras fecharam em queda de 21,5%, indo a R$ 21,45. As ordinárias (com direito a voto) despencaram 20,47%, fechando em R$ 21,55. Parte das perdas foram recuperadas, no pregão desta terça-feira.
O tombo foi resultado da perda de confiança de investidores com a troca de Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna, que presidia a Itaipu Binacional. Bolsonaro decidiu-se pela substituição diante da ameaça dos caminhoneiros, categoria próxima ao bolsonarismo que está descontente com os recorrentes reajustes no preço dos combustíveis.
Bolsonaro prometeu, ainda, zerar por dois meses os tributos federais sobre o óleo diesel. Logo depois de anunciar a troca no comando da Petrobras, Bolsonaro afirmou ainda que pretende "meter o dedo na energia elétrica”. A intervenção na estatal e as promessas de novas medidas em setores estratégicos minaram os principais indicadores financeiros do Brasil, que sofreram forte deterioração, na véspera.
Agitação
Foram afetados os preços das ações, câmbio, risco-país, juros futuros, e houve revisão generalizada nas avaliações de bancos, casas de investimento e agências de classificação de risco em relação à Petrobras e outras estatais. Para se ter uma ideia da agitação que tomou conta do mercado, o volume de negociações das ações da Petrobras no dia ficou em R$ 10,8 bilhões, um recorde.
Na Bolsa de Nova York, as ADRs (certificados de ações negociados nos Estados Unidos) da Petrobras recuaram 21%, a US$ 7,94 cada. O Ibovespa, principal índice acionário do país, caiu 4,86%, a 112.667,70 pontos, menor patamar desde 3 de dezembro.
Militares
Uma vez confirmada a nomeação de mais um militar para a Presidência da Petrobras, os quartéis estarão no comando de mais de um terço das estatais federais com controle direto da União, segundo levantamento do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), publicado nesta terça-feira. Ao todo, são 46 estatais com esse perfil, 15 presididas por militares no governo de Jair Bolsonaro. O general Joaquim Silva e Luna, indicado à Petrobras, seria o 17º.
Luna foi ministro da Defesa no último ano do governo de Michel Temer e é diretor-geral de Itaipu Binacional desde o início de 2019, o primeiro ano do governo Bolsonaro.