Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Sete de Setembro: empresários de ultradireita financiam movimento bolsonarista

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Terça, 06 de Setembro de 2022 às 10:42, por: CdB

As caravanas estão sendo organizadas há meses com objetivo de levar milhares de pessoas para mostrar apoio a Bolsonaro. Uma delas, que sairá da cidade de Bauru, no interior de São Paulo, para o ato na Avenida Paulista, na capital, contará com cinco ônibus, com 230 pessoas, ao todo.

Por Redação, com RBA - de São Paulo

Empresários e movimentos de direita que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL) estão patrocinando e subsidiando a ida de caravanas bolsonaristas para os atos convocados pelo mandatário em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo neste 7 de setembro. De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Pauloorganizadores estão oferecendo ônibus de graça ou com preço abaixo do cobrado em viações comerciais, ambos bancados por empresários que preferem não se identificar.
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PMs ameaçam STF e esquerda em grupos de mensagem e falam em "revolta devastadora" neste 7 de setembro.Por questão de segurança, pela primeira vez, STF terá barreira antidrone
As caravanas estão sendo organizadas há meses com objetivo de levar milhares de pessoas para mostrar apoio a Bolsonaro. Uma delas, que sairá da cidade de Bauru, no interior de São Paulo, para o ato na Avenida Paulista, na capital, contará com cinco ônibus, com 230 pessoas, ao todo. Um dos organizadores, Everton Borges afirma que dois são particulares e três foram “doações de empresários”. Os financiadores conseguiram também subsidiar o valor das passagens dos veículos pagos, que sairá por R$ 120 ida e volta para cada manifestante. Pelo menos a metade do valor de uma passagem semelhante em viação comercial, que não sai por menos de R$ 240 ida e volta. Segundo Borges, também houve doação de garrafas de água para as pessoas levarem para a manifestação. À Folha, ele afirmou não pertencer a nenhuma organização. “Somos patriotas de grupos de WhatsApp.”

Agro entre os apoiadores

O engenheiro Diego Formenti, presidente do grupo Patriotas Itapira também conta ter conseguido doações “de empresários que preferem não se identificar”. Eles patrocinaram três ônibus que sairão com 46 pessoas em direção ao ato em São Paulo. Grande parte da convocação para o 7 de setembro e para organização das caravanas foi feita pelas redes sociais. Segundo a reportagem, uma lista que circula por grupos no WhatsApp e Telegram afirma que há 240 ônibus, 7 micro-ônibus e seis vans confirmados para a avenida Paulista, com capacidade de transportar mais de 9 mil pessoas. Com apoio de empresários e movimentos de direita, caravanas bolsonaristas também vão partir de outras cidades, como Uberlândia (MG). Pelo menos 180 pessoas irão para o ato em Brasília subsidiadas pelos grupos Direita Minas e Voluntários Uberlândia. Recentemente, os organizadores comemoraram em mensagem de WhatsApp uma redução no valor das passagens. “Pessoal conseguimos alguns investidores para financiar parte de nossa caravana para Brasília no dia 7SET22”, escreveram. Empresários do agro e comerciantes também ajudaram a financiar a caravana que partirá de Lucas do Rio Verde (MT), para o ato na capital federal. A informação foi confirmada por uma das organizadoras, Reggiane Otero. “Eles doaram, mas isso não quer dizer que o pessoal que está indo não tenha condições financeiras para pagar”, disse. À reportagem, ela ainda acrescentou que “nunca viu nada igual” sendo feito pelo presidente Bolsonaro.

Barreira antidrone no STF

A notícia de que caravanas bolsonaristas estão sendo financiadas por empresários indignou internautas que questionaram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Caravana com transporte pago por empresários (ou empresas?) que assim financiam showzinho eleitoral solicitado pelo presidente + apresentações de forças armadas capturadas como forma de propaganda política para o candidato. Pode isso TSE?”, tuitou a diretora executiva da Coding Rights, que trabalha com direitos humanos na rede, Joana Varon. Diante da escalada golpista do mandatário, o clima é de incerteza e insegurança pelo país. Na noite de segunda-feira, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal bloqueou a Esplanada dos Ministérios após detectar uma tentativa de acesso de caminhoneiros ao local. Mais de dez caminhões tentaram invadir a área bloqueada. Pela primeira vez, o Supremo Tribunal Federal (STF) planeja uma barreira antidrone, com sensores para detectar o equipamento, por questão de segurança para este 7 de setembro. A Corte é um dos alvos dos discursos de ameaça de Bolsonaro, reverberados por sua claque de apoiadores. Nos grupos das caravanas, eles repetem, por exemplo, ataques aos ministros do STF e mentiras sobre as urnas eletrônicas. “Eles sabem o que fazer para termos eleições limpas, a nossa intervenção já foi feita democrática pelo voto em 2018, temos apenas que confiar e mostrar que acreditamos realmente neles”, diz uma das mensagens. Os organizadores bolsonaristas também pedem aos apoiadores que se concentrem nos atos em São Paulo, Rio e Brasília. “Os presidente convocou principalmente para a Paulista, mas quem não puder, é para ir para Brasília ou Copacabana (RJ) antes de qualquer outro lugar”.

PMs ameaçam esquerda

Oficialmente, Bolsonaro participará, pela manhã, das comemorações do Dia da Independência, quando deverá transformar a festa cívica da nação em manifestações de apoio à sua candidatura. À tarde, o presidente deve ir ao ato de campanha no Rio, onde é sua base eleitoral. Não foi confirmada sua presença em São Paulo, ainda assim esperada pelos bolsonaristas. Reportagem do Poder360, divulgada nesta terça, também revela que Policiais Militares de São Paulo e do Rio de Janeiro estão se organizando para comparecer aos atos pró-Bolsonaro nesta quarta. Em grupos de WhatsApp e Telegram, monitorados pelo veículos, os agentes falam em “revolta devastadora”, repetem ameaças a ministros do Supremo e também contra a esquerda. “Cacete, bala e bomba nesses esquerdas”. Procurada, a Secretaria de Estado da Polícia Militar do Rio informou que não há uma orientação formal de conduta para policiais da ativa em manifestações. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por sua vez, declarou que os PMs podem se manifestar, desde que estejam de folga. Fica apenas proibida a utilização de fardas. Mas, como destaca a reportagem, nos atos antidemocráticos de 7 de setembro do ano passado policiais paulistas usaram as boinas da Ronda Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) no ato de apoio a Bolsonaro.
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