Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Sem partido, Bolsonaro busca se filiar a uma legenda do ‘Centrão’

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Sexta, 23 de Julho de 2021 às 13:46, por: CdB

​Bolsonaro se aproximou ainda mais do ‘Centrão’ em um momento de extrema fragilidade, quando se vê ameaçado por mais de cem pedidos de impeachment e pelo avanço da CPI da Covid sobre supostos casos de corrupção envolvendo o governo.

Por Redação, com RBA - de Brasília
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta sexta-feira que está a procura de um partido que possa controlar e afirmou que o PP é uma possibilidade de filiação. A sigla é comandada pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), líder do chamado ‘Centrão’ convidado para assumir a Casa Civil, principal ministério do Palácio do Planalto.
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Jair Bolsonaro permanece sem uma legenda pela qual se candidatar, no ano que vem
— Tentei e estou tentando um partido que eu possa chamar de meu e possa, realmente, se for disputar a Presidência, ter o domínio do partido. Está difícil, quase impossível — afirmou Bolsonaro em uma entrevista a uma rádio de Mato Grosso do Sul. Na conversa, transmitida também por uma das redes sociais, o presidente aponta seu novo alvo. — O PP passa a ser uma possibilidade de filiação nossa — diz ele.

‘Centrão’

​Bolsonaro se aproximou ainda mais do ‘Centrão’ em um momento de extrema fragilidade, quando se vê ameaçado por mais de cem pedidos de impeachment e pelo avanço da CPI da Covid sobre supostos casos de corrupção envolvendo o governo. Além disso, o presidente e seu governo vêm assistindo a uma escalada de impopularidade. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje seu principal adversário, ampliou vantagem nas intenções de voto para 2022 e cravou 58% a 31% no 2º turno, segundo pesquisa mais recente do Datafolha. Para levar Ciro Nogueira para o governo, Bolsonaro teve que deslocar o general Luiz Eduardo Ramos para a Secretaria-Geral e o atual titular da pasta, Onyx Lorenzoni, para o Ministério do Trabalho e da Previdência, que será recriado a partir de um esvaziamento do Ministério da Economia.

Autonomia

Na entrevista, Bolsonaro disse que a medida provisória que cria a nova pasta, permitindo o rearranjo na Esplanada dos Ministérios, já está pronta, mas só deve ser publicada após sua conversa presencial com Ciro Nogueira, o que está previsto para segunda-feira (26). Inicialmente, a expectativa era que o texto fosse publicado nesta sexta. — Obviamente a Medida Provisória está pronta, mas só vou mandar para publicação depois que falar com ele — afirmou. Atualmente, o governo Bolsonaro tem 22 ministérios, 7 a mais do que os 15 prometidos na campanha eleitoral — sob a gestão de Michel Temer (MDB), seu antecessor, eram 29 ministérios. A administração atual chegou a ter 23 ministérios, mas o Banco Central perdeu este status com a aprovação de sua autonomia.

General

Um dos objetivos da troca é organizar a base do governo e dar mais visibilidade a ações de Bolsonaro que serão tomadas daqui em diante, como a reformulação do Bolsa Família, considerada peça-chave para a campanha à reeleição do mandatário em 2022. Antes de ficar fragilizado e se ver obrigado a se unir ao grupo de partidos que têm como uma das principais características o fisiologismo, Bolsonaro e aliados recriminavam o centrão e o toma lá, dá cá. — Qual é a nossa proposta? É indicar as pessoas certas para os ministérios certos. Por isso, nós não integramos o centrão, tão pouco estamos na esquerda de sempre — disse o então candidato Bolsonaro, em propaganda política. Ainda na campanha, antes de assumir um cargo no ministério, como chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno chegou a cantar: — Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão.

Promessas

Para atender ao ‘Centrão’, o governo faz promessas de liberação de bilhões em emendas parlamentares e agora prepara até a recriação de ministérios, contrariando outro discurso da campanha, o do enxugamento da máquina pública. Na entrevista desta tarde, a sexta desta semana, numa nova estratégia de comunicação para tentar se recuperar nas pesquisas, Bolsonaro também defendeu o nome de seu advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, como ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Mendonça, o "terrivelmente evangélico de Bolsonaro, vem enfrentando resistência no Senado, Casa que precisa sabatiná-lo e aprovar sua indicação para que ele possa ingressar na corte. — Da minha parte, sempre tem um critério técnico. O André Mendonça preenche em tudo no tocante ao conhecimento da questão jurídica no Brasil. Agora, eu queria somar a isso a questão de ser evangélico. Falei, antes até da campanha, na pré-campanha, que eu indicaria um terrivelmente evangélico para o Supremo. Eu não estou misturando política, justiça e religião, mas acredito eu, como sou cristão, que o perfil adequado neste momento seria este, além de eu cumprir um compromisso de campanha — resumiu o mandatário.
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