Segundo o porta-voz do governo do presidente Vladmir Putin, Dmitri Peskov, o projeto oferecido pelo presidente brasileiro merece atenção, pois levaria em conta os interesses russos.
Por Redação, com CartaCapital - de Moscou/Brasília
Um dia após a reunião do chanceler russo Sergey Lavrov com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Kremlin mostrou interesse na proposta brasileira de criar um clube de mediação neutro para por fim ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Segundo o porta-voz do governo do presidente Vladmir Putin, Dmitri Peskov, o projeto oferecido pelo presidente brasileiro merece atenção, pois levaria em conta os interesses russos.
– Qualquer ideia que leve em conta os interesses da Rússia merece atenção e certamente precisa ser ouvida – disse ele.
A proposta feita por Lula, além do grupo de mediação, também sugere que a Ucrânia assuma a perda da Crimeia, anexada em 2014 pela Rússia. A medida é aprovada por Putin, mas, segundo a Ucrânia, iria contra sua soberania.
Encerramento do conflito
Atualmente, várias potências têm buscado caminhos para o encerramento do conflito. Além do Brasil, Turquia e China também traçam planos para apresentar aos envolvidos com a intenção de finalizar a guerra.
Moscou diz que qualquer conversa tem de começar com a aceitação do que chama de novas realidades, ou seja, o reconhecimento não só da anexação da Crimeia, um fato consumado, mas também dos quatro territórios ucranianos declarados absorvidos em setembro passado.
Para Kiev, os ataque apenas devem cessar quando as forças russas deixarem os territórios invadidos, que já somam 20% do país.
Embates de narrativas
Recentemente, Lula se posicionou no sentido de que o conflito teve culpados dos dois lados. A declaração não foi bem recebida pela Ucrânia, Estados Unidos e Europa. Nesta terça, o porta-voz da diplomacia de Volodymyr Zelensky, criticou o brasileiro pela afirmação e convidou Lula para visitar Kiev e ‘compreender’ a realidade da guerra.
Na mesma declaração em que atribuiu culpa também à Ucrânia pelo conflito, Lula também pediu que os Estados Unidos parassem de incitar o combate. A Casa Branca acusou então o presidente brasileiro de ‘papagair propaganda russa e chinesa’ sobre a Ucrânia. A acusação foi rebatida pelo chanceler do Brasil, Mauro Vieira, na segunda-feira.