Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Rússia denuncia, na ONU, tentativa de golpe contra Venezuela

Em reunião na ONU, Rússia acusa EUA de tentar derrubar governo da Venezuela, destacando pressão militar e desestabilização política.

Sábado, 11 de Outubro de 2025 às 16:16, por: CdB

Segundo o diplomata, Caracas enfrenta “pressão sem precedentes de invasão militar” por parte de Washington.

Por Redação, com Sputnik – de Nova York, NY-EUA

Na reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada pela Venezuela, na noite passada, o embaixador russo Vassily Nebenzia acusou os Estados Unidos de conduzir uma campanha para derrubar o governo venezuelano, utilizando os mesmos métodos de desestabilização política que marcaram as chamadas “revoluções coloridas”.

Rússia denuncia, na ONU, tentativa de golpe contra Venezuela | O diplomata russo Valili Nebenzia fez a denúncia em reunião do Conselho de Segurança da ONU
O diplomata russo Valili Nebenzia fez a denúncia em reunião do Conselho de Segurança da ONU

Segundo o diplomata, Caracas enfrenta “pressão sem precedentes de invasão militar” por parte de Washington. Nebenzia relatou que os Estados Unidos deslocaram cerca de 4 mil soldados; além de destróieres, submarinos nucleares e aviões de patrulha, em uma movimentação que classificou como provocativa.

— A cada dia, a situação se torna mais grave. O que é isso? Preparação para uma invasão ou apenas treinamentos militares?. Poderíamos acreditar na segunda hipótese se não estivéssemos falando de um Estado soberano, cuja derrubada do regime é abertamente mencionada por altos oficiais norte-americanos como meta de política externa — denunciou Nebenzia.

 

Narrativa

O diplomata russo também ironizou o argumento norte-americano de que supostos ‘Cartéis do Sol’, vinculados ao governo venezuelano, estariam traficando drogas para os Estados Unidos. Nebenzia afirmou que se trata de uma “ficção digna de filme de Hollywood”, sem respaldo em fatos ou dados concretos.

— A Casa Branca pode, é claro, rejeitar os dados da ONU, mas os próprios relatórios oficiais do Departamento de Estado não mencionam os ‘cartéis do sol’ — declarou.

Com base em dados oficiais, Nebenzia observou que a maior parte da cocaína que chega aos Estados Unidos entra pelo Oceano Pacífico — rota marítima à qual a Venezuela sequer tem acesso. Ele destacou ainda que o tema somente passou a ser citado em relatórios norte-americanos “há poucos meses”, o que, segundo ele, evidencia o caráter artificial da narrativa.

 

Execuções

A diplomacia russa também denunciou o que chamou de “execuções sumárias” realizadas por forças norte-americanas em alto mar. Moscou criticou os ataques a embarcações sob suspeita de tráfico, nos quais “toda a tripulação foi executada sem investigação ou julgamento”.

— Embarcações com pessoas foram simplesmente atacadas em alto mar, sem investigação ou julgamento, seguindo o princípio do faroeste de atirar primeiro — afirmou o representante russo.

Para Nebenzia, essas ações demonstram a lógica do “excepcionalismo norte-americano”, em que os Estados Unidos se permitem agir livremente, enquanto os demais países só podem fazer o que Washington autoriza.

 

Nobel

Em outra ação negativa para a Venezuela, a concessão do Prêmio Nobel da Paz a uma militante da ultradireita venezuelana levou o ex-deputado José Genoino a fazer duras críticas à decisão. A venezuelana Maria Corina Machado, notória oposicionista do governo de Nicolás Maduro é, na realidade, uma “defensora de golpe de Estado” afirmou Genoino, em uma entrevista ao site de notícias 247, neste sábado. O líder petista destaca que a escolha está diretamente ligada aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos na América Latina.

Genoino, com uma longa trajetória de militância na política brasileira, apontou que a premiação de Machado não é um reconhecimento genuíno pela paz, mas parte de uma estratégia maior para desestabilizar a Venezuela e promover a agenda imperialista norte-americana.

— Essa cidadã que ganhou o prêmio Nobel da Paz, ela não foi candidata porque a condição legal dela não contrariava os dispositivos legais do Estado venezuelano. Ela não foi impedida de disputar por qualquer atitude discriminatória do Maduro. Ela foi uma defensora da ação do imperialismo (norte-)americano na Venezuela — concluiu.

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