A prefeitura do Rio anunciou que os dois quiosques que foram "palco" para o assassinato de Moïse, na noite de 24 de janeiro, serão transformados em memorial ao jovem congolês, com a possibilidade de ser administrado pela sua família.
Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro
Centenas de manifestantes fizeram um protesto neste sábado, em frente ao quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, onde o congolês Moïse Kabagambe foi morto. O ato reuniu familiares de Moïse e dezenas de entidades defensoras da causa negra e dos direitos humanos, além de organizações políticas diversas. A mãe de Moïse, a congolesa Ivana Lay, discursou rapidamente, em cima do carro de som, e pediu justiça: "Queremos justiça para o Moïse, até o final". Para o babalorixá Ivanir dos Santos, representante da Articulação das Populações Marginalizadas, a violência contra os negros é centenária no Brasil: "A nossa luta não começou agora. Esse é mais um passo na busca pelos nossos direitos." No início da manifestação, um pequeno grupo tentou depredar o quiosque, mas foi prontamente reprimido com palavras pelos organizadores do protesto. A prefeitura do Rio anunciou que os dois quiosques que foram "palco" para o assassinato de Moïse, na noite de 24 de janeiro, serão transformados em memorial ao jovem congolês, com a possibilidade de ser administrado pela sua família. Após a concentração do ato, em frente ao quiosque, os manifestantes seguiram em passeata, pela Avenida Lúcio Costa, na orla da praia. Botamba Ipombela, um integrante da Comunidade Congolesa do Rio de Janeiro, ressaltou que Moïse saía cedo para trabalhar, a fim de levar comida para casa. “Ele estava reclamando só o dinheiro dele, para levar arroz, feijão e carne para casa. A vida dos congoleses é muito difícil aqui no Rio. Só 20% têm carteira assinada. A maioria sai à rua para vender água, vender outras coisas, para trazer comida para a família”, disse Botamba. A representante do Movimento Moleque e da Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) Mônica Cunha lembrou que a luta contra o racismo também precisa da solidariedade da população branca, embora só os negros saibam, de fato, o que passam no dia a dia. “A gente não aguenta mais ver os nossos no chão. O racismo é um problema histórico. Só quem é preto sabe o que está sofrendo. E os brancos têm que ser solidários", ressaltou Mônica.