Segunda, 12 de Dezembro de 2022 às 13:39, por: CdB
O recém-anunciado ministro da Defesa, José Múcio, no entanto, afirmou em entrevista a jornalistas, na semana passada, que as Forças Armadas, embora não tenham posição unânime – há os que preferem Bolsonaro e os que preferem Lula, admitiu –, respeitarão a Constituição e a orientação do novo comando de governo.
Por Redação - de Brasília
Com o relatório pronto, nesta segunda-feira, o Gabinete da Transição conclui o diagnóstico da situação em que se encontra a administração pública, a três semanas do fim do governo de Jair Bolsonaro (PL). Ao longo da última semana, as informações preliminares já haviam chegado ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Depois de anunciar cinco ministros na sexta-feira, Lula prepara a divulgação de mais nomes a partir desta segunda-feira, depois da diplomação, “talvez um pouco mais que o dobro” dos indicados, conforme afirmou.
A semana começou com a formalização, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da legitimidade da vitória da coligação ‘Brasil da Esperança’ com mais de 60 milhões de votos, em 30 de outubro. Depois de aprovar por unanimidade e sem ressalvas as contas da campanha, o TSE diplomou Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, nesta segunda, tornando-os aptos para a posse em 1º de janeiro.
Golpe
Seguidores do mandatário em fim de linha tentavam, ainda, manter viva a expectativa de um golpe de Estado, com apoio militar. O presidente Bolsonaro, a três semanas de deixar o Palácio do Planalto, estimula o confronto. Para muitos dos analistas ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, usar a disposição de alguns seguidores para produzir ambiente de tensão e terror interessa ao dirigente neofascista, como forma de chantagear a transição e desencorajar investigações que poderão levá-lo – e a seus filhos – à prisão.
O recém-anunciado ministro da Defesa, José Múcio, no entanto, afirmou em entrevista a jornalistas, na semana passada, que as Forças Armadas, embora não tenham posição unânime – há os que preferem Bolsonaro e os que preferem Lula, admitiu –, respeitarão a Constituição e a orientação do novo comando de governo.
— As Forças Armadas têm demonstrado que não apoiam qualquer movimento golpista. Evidentemente, precisamos colocar as coisas no seu devido lugar. As Forças Armadas são uma instituição do Estado brasileiro, e não de quem está comandando o Estado brasileiro — lembrou.
Tumultos
Mas a recusa de Bolsonaro em admitir a derrota e em recriminar os atos golpistas sustenta o delírio do golpe. Pelas redes e grupos de conversas, golpistas são convocados para tumultuar Brasília tanto na diplomação de Lula, o que não ocorreu, quanto no dia da posse. Alguns, como de costume, publicaram imagens de outros atos ocorridos na Esplanada em anos anteriores dizendo que “é assim que está Brasilia hoje”.
A rede institucional de segurança do próximo presidente acompanha as informações. Assim como os movimentos sociais que apoiam Lula são habituados a lidar com infiltrados em manifestações. Por exemplo, os chamados P2 (policiais disfarçados entre ativistas que provocam confusão para que a polícia reprima e dissolva protestos com violência). Por isso, por um lado, as organizações populares – de sindicatos, estudantes, movimentos de moradia e sem-terra – também prometem reforço em sua estrutura de segurança.
Além disso, a inteligência dos setores da Polícia Federal que acompanham o governo eleito monitora as redes, recebe denúncias e organiza informações. Agentes atuarão não só ao redor das festividades quanto disfarçados no interior delas – e dos atos golpistas. Atiradores de elite também estarão posicionados, como em todas as cerimônias de posse.