Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2025

Rejeição ao governo Milei atinge níveis alarmantes, diz consultoria

Estudo revela que 58% dos argentinos rejeitam o governo Milei, afetado pela crise econômica e insegurança crescente. Entenda os fatores por trás dessa insatisfação.

Domingo, 23 de Março de 2025 às 15:59, por: CdB

Os dados refletem uma conjuntura “dramática”, agravada por dois fatores centrais: a crise econômica e o aumento da insegurança.

Por Redação, com Página12 – de Buenos Aires

A rejeição ao presidente argentino Javier Milei atingiu níveis alarmantes, com 58% da população declarando-se contra as medidas adotadas por seu governo, segundo levantamento da consultora Zuban Córdoba antecipado ao canal argentino de TV C5N por seu diretor, o analista político Gustavo Córdoba. O levantamento, divulgado neste domingo, evidencia o crescente desgaste da gestão anarco-capitalista em um momento de forte tensão social, marcada por episódios de repressão institucional e incerteza econômica.

Rejeição ao governo Milei atinge níveis alarmantes, diz consultoria | O ultradireitista Javier Milei é rejeitado por quase dois terços dos argentinos
O ultradireitista Javier Milei é rejeitado por quase dois terços dos argentinos

— O governo, o presidente e sua gestão apresentam cerca de 58% de rejeição, com apenas 41% de aprovação — afirmou Córdoba.

Para ele, os dados refletem uma conjuntura “dramática”, agravada por dois fatores centrais: a crise econômica e o aumento da insegurança. 

— A economia não melhora, o problema dos rendimentos e do poder de compra da população não se resolve — constata.

 

Redes sociais

Segundo o analista, a insegurança, antes secundária, agora rivaliza com a inflação como principal preocupação dos argentinos.

— É um tema sobre o qual o governo fala muito, mas se ocupa pouco. Joga a culpa nos outros, mas não adota políticas efetivas — criticou.

A repressão violenta no Congresso Nacional, ocorrida durante protestos contra a chamada ‘Lei Ómnibus’, que concentra amplos poderes nas mãos do Executivo, também alimentou o mal-estar da sociedade. O episódio, amplamente repercutido nas redes sociais e na imprensa internacional, reforçou a percepção de autoritarismo no estilo de governar de Milei.

 

Correção

Além da crise social, o presidente enfrenta dificuldades na frente econômica. As negociações para um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) revelam fragilidades estruturais. O economista-chefe da Fundação FIEL, Daniel Artana, alertou que, mesmo com um novo desembolso do FMI, o governo não conseguirá sustentar indefinidamente o atual modelo cambial.

— A plata do Fundo não vai permitir manter o atraso cambial por tempo indeterminado. Em algum momento, será preciso corrigir isso. Com o acordo, será possível fazer de forma mais ordenada, mas a correção será inevitável — afirmou Artana.

O economista classificou a recente valorização do dólar no mercado paralelo como um ‘chispazo’ — um estopim — que pode se repetir, dada a fragilidade cambial.

— É natural que o Banco Central perca reservas no mercado oficial. Quando a diferença entre os câmbios se amplia, as pessoas tentam limitar perdas, o que gera um efeito em cadeia e amplia a pressão sobre as reservas e a necessidade de intervenção nos mercados alternativos — concluiu.

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