Lula reforçou o discurso humanista ao apoiar a cooperação entre os povos da América Latina em prol do equilíbrio e da paz. Em sua visita ao México, ao longo dessa semana, o líder popular brasileiro foi recebido pelo chanceler mexicano Marcelo Erbard.
Por Redação, com agências internacionais - de Cidade do México
Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador exaltou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes mesmo de encontrá-lo, na véspera, em visita oficial. O presidente também ressaltou que tem uma boa relação com o governo Bolsonaro. Obrador definiu Lula como um líder reconhecido, muito importante no Brasil e na América Latina.
— Irei recebê-lo com respeito, com admiração, porque ele foi vítima de um ato autoritário, repressivo. Fabricaram delitos contra ele e o mantiveram injustamente na cadeia. Nós temos simpatia com Lula e, sobretudo, com o que representa: é que não se persiga dirigentes sociais, dirigentes políticos que lutam a favor do povo, e que têm que enfrentar, às vezes, grupos conservadores, oligarquias. Então Lula é bem-vindo — afirmou o presidente.
Lula, por sua vez, reforçou o discurso humanista ao apoiar a cooperação entre os povos da América Latina em prol do equilíbrio e da paz. Depois de ser recebido pelo chanceler mexicano Marcelo Erbard, o petista falou ao jornal mexicano La Jornada.
— Precisamos trabalhar um mundo de cooperação, equilíbrio e paz, com instituições internacionais representativas e efetivas — declarou, sem citar diretamente o conflito entre Rússia e Ucrânia.
Agenda
O aquecimento global, a pandemia e a desigualdade social, nas palavras de Lula, "exigem uma reforma profunda da governança global”.
— A América Latina tem que estar unida nesse esforço para um mundo que quer paz e não aguenta mais a guerra — afirmou o ex-presidente.
A agenda internacional de Lula foi retomada na segunda-feira, após ser interrompida pelo agravamento da pandemia de covid-19 em função da variante Ômicron. O petista já esteve na Europa e na Argentina, onde se encontrou com lideranças políticas.
A agenda de Lula prosseguiu no México na terça-feira, quando se reuniu com o presidente López Obrador. O ex-presidente é acompanhado pela presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), pelo senador Humberto Costa (PT-PE), pelo ex-chanceler brasileiro Celso Amorim e pelo ex-ministro Aloizio Mercadante.
Desafio
Na entrevista, Lula foi questionado sobre a situação atual do Brasil e lamentou o aumento da pobreza e da fome.
— Estou convencido de que o povo brasileiro se cansou dessa anomalia que estamos vivendo, e um democrata será eleito em 2022. Meu desafio é voltar [à Presidência], fazer melhor do que já fiz, com toda a experiência e aprendizado que tive ao longo dos anos — acrescentou.
Lula não descartou que opositores voltem a utilizar manobras antidemocráticas para interromper seu mandato.
— A batalha para restaurar a democracia plena no Brasil será difícil, mas estou otimista. O desafio de governar e reconstruir o Brasil é maior do que vencer as eleições — concluiu.