Dirigentes do PSB e de outras legendas, no entanto, têm dito publicamente acreditar que Alckmin somente se decidirá sobre seu futuro partidário após as prévias do PSDB, neste domingo. No cálculo, o tucano poderia até ficar onde está a depender de quem vencer a disputa interna: João Doria (SP) ou Eduardo Leite (RS).
Por Redação - de São Paulo
Os principais líderes do PSB passaram a priorizar a filiação de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) para que ele seja candidato a vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva. O PT, no entanto, precisará apoiar a legenda em cinco Estados prioritários nas eleições de 2022. Alckmin, que tem conversado com uma série de partidos, procurou integrantes do PSB nos últimos dias e sinalizou que aceitaria entrar na sigla para ser vice do petista.
Dirigentes do PSB e de outras legendas, no entanto, têm dito publicamente acreditar que Alckmin somente se decidirá sobre seu futuro partidário após as prévias do PSDB, neste domingo. No cálculo, o tucano poderia até ficar onde está a depender de quem vencer a disputa interna: João Doria (SP) ou Eduardo Leite (RS).
Segundo integrantes do PSB, uma reunião realizada na noite quarta-feira serviu para os dirigentes debaterem pessoalmente os cenários com Alckmin e reforçar as condições para dar apoio aos petistas nacionalmente. Eles querem que o PT respalde candidatos do PSB a governador em São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Acre, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro
Na reunião, dirigentes também decidiram frear conversas para formar uma federação com o PT no próximo ano. Líderes do PSB vão discutir o tema com Alckmin e também procurar Lula para debater pessoalmente a aliança. O ex-presidente quer o partido como aliado em 2022. Os principais entraves, porém, são regionais, sobretudo no estado de São Paulo.
Segundo integrantes de ambos os partidos, as articulações para que o PT apoie o PSB no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Acre estão avançadas. No Rio de Janeiro, por exemplo, Lula já declarou que apoiará Marcelo Freixo, mas no PSB há o temor de que ele volte atrás. Freixo deixou recentemente o PSOL e se filiou à sigla.
Em São Paulo, porém, segue o impasse porque o ex-presidente não quer deixar de lançar um candidato próprio da sigla. O nome colocado hoje para a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes é o do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad, derrotado em 2018 por Jair Bolsonaro na briga pelo Palácio do Planalto.
Estratégias
A reunião no PSB de quarta-feira foi convocada pelo presidente do partido, Carlos Siqueira, e teve a participação de dirigentes como os governadores Paulo Câmara (PE) e Renato Casagrande (ES), o ex-governador Márcio França (SP) e o ex-deputado Beto Albuquerque (RS). O acordo vislumbrado pelo PSB beneficiaria sobretudo França e Albuquerque, que querem disputar os governos de seus respectivos Estados.
A constatação de líderes do PT e também do PSB é que, hoje, os pessebistas não têm um nome forte que agregue à candidatura de Lula e seja capaz de obrigar o PT a redefinir estratégias estaduais a fim de atrai-los no plano nacional.
O governador Flávio Dino (PSB-MA), por exemplo, muito lembrado nas conversas para ser vice de Lula, é originário do PC do B e visto no PT como um candidato que não ampliaria a chapa para além do campo da esquerda.
Candidaturas
Já Alckmin, que foi quatro vezes governador pelo PSDB em São Paulo e duas vezes candidato a presidente da República, tem um viés mais à direita e ajudaria a acalmar setores mais conservadores da sociedade, reeditando o que Lula fez em 2002 com o empresário José Alencar como vice. A intenção do PSB é fortalecer a legenda nas negociações a ponto de forçar o PT a abrir mão da cabeça de chapa em disputas estaduais consideradas essenciais para os pessebistas.
O partido aposta que nesses cinco estados prioritários há chance de vencer a eleição em 2022. Com o apoio dos petistas, o PSB poderia consolidar essas candidaturas. Em São Paulo, a preferência de Lula é por Haddad, considerado mais viável eleitoralmente que França.
O ex-presidente indicou a correligionários próximos que estaria disposto a ceder caso forme a aliança com o tucano. Já Alckmin, com quem conversou nos últimos dias, não nega nem confirma o desejo de integrar a chapa com Lula.