O posicionamento contra a privatização de estatais foi feito em meio ao debate decorrente da falta de energia em São Paulo na última sexta-feira, que afetou cerca de 2,3 milhões de consumidores. Até esta terça-feira cerca de 200 mil residências ainda estavam sem luz.
Por Redação - de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira, que o governo federal não venderá ativos públicos durante o seu terceiro mandato.
— Não vamos vender a cama para dormir no chão. Em todos esses encontros a gente vai levar projetos que o Brasil tem, coisas que estão em funcionamento, que queremos compartilhar com empresários brasileiros e estrangeiros. Eu quero que vocês saibam que no nosso governo a gente não vai tentar vender a cama para dormir no chão. A gente não vai vender ativos públicos. Vamos fazer com que se tornem tão competitivos e compartilhem relação com a iniciativa privada para que a gente possa melhorar — disse, na abertura do seminário ‘Brasil Investment Forum’, realizado na Capital Federal.

O presidente valoriza a administração pública, principalmente nas empresas estatais.
— Quero que vocês aprendam que a gente não precisa diminuir o Estado para valorizar a iniciativa privada. É importante a gente saber que o Estado, se ele não se meter a ser empresário, mas ele se colocar como indutor do desenvolvimento de um país, a gente pode ter o Estado fazendo investimento sadio para que a gente possa crescer — ressaltou.
Sem luz
O posicionamento contra a privatização de estatais foi feito em meio ao debate decorrente da falta de energia em São Paulo na última sexta-feira, que afetou cerca de 2,3 milhões de consumidores. Até esta terça-feira cerca de 200 mil residências ainda estavam sem luz. A Eletropaulo, que atendia o Estado de São Paulo, foi adquirida em 2018 pela italiana Enel.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) têm planos de privatizar a Companhia de Saneamento estadual (Sabesp), ainda neste ano, mas o projeto vem enfrentando resistências na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A recente crise energética que afetou o estado, porém, fez com que até mesmo parlamentares da base aliada se posicionassem de forma contrária à privatização.
Em sua gestão, segundo Lula, o governo vai garantir que o Brasil tenha estabilidade política, social, jurídica e fiscal para que o país atraia investimentos internacionais e tenha crescimento econômico.
— Vamos garantir tudo isso para que possamos atrair mais investimentos de outros países. Nós queremos garantir para vocês a possibilidade de colocarem a inteligência empresarial de vocês para o Brasil crescer, para que a gente possa chegar, em vez de US$ 600 e poucos bilhões, por que a gente não estabelece uma meta de chegar em uma meta de US$ 1 trilhão (de comércio exterior) e vamos buscar isso — acrescentou o presidente.
Juros baixos
Lula voltou a dizer que o Brasil quer atrair investimentos estrangeiros, reforçando que o governo não venderá ativos, e ressaltou que os bancos públicos voltaram a fazer empréstimos de longo prazo com juros baixos.
— BNDES vai voltar a ser o banco de investimento, de desenvolvimento, que foi. Para isso que ele foi criado, para que a gente possa restabelecer a nossa habilidade de emprestar dinheiro a juro baixo e de longo prazo, para que a indústria brasileira se transforme em uma indústria competitiva — ressaltou.
Em um evento voltado especialmente para empresários, Lula rechaçou a ideia de diminuição do Estado e defendeu que o governo precisa ser um indutor de investimentos.
— Eu quero que vocês aprendam que a gente não precisa diminuir o Estado para valorizar a iniciativa privada. É importante a gente saber que o Estado, se ele não se meter a ser empresário, mas se ele se colocar como indutor do desenvolvimento de um país, a gente pode ter um Estado fazendo investimento sadio para que a gente possa crescer — pontuou.
Competitividade
Lula defendeu mais uma vez a possibilidade de o Brasil ser um centro de economia verde no mundo, mas, em uma comparação com os Estados Unidos, que vem dando subsídios para desenvolver uma indústria de energia limpa, garantiu que o Brasil não fará o mesmo, mas dará incentivos para atrair quem quiser produzir no país.
— Nós não vamos subsidiar, vamos apenas incentivar. Se depender da vontade de nosso governo, quem quiser fazer investimento em carro verde, motocicleta verde, não precisa procurar, tem um lugar chamado Brasil, onde a natureza nos garante competitividade — afirmou.
Lula também exaltou as reservas internacionais brasileiras, dizendo que são responsáveis pela estabilidade econômica "mesmo quando você tiver um maluco governando o país". O Brasil tinha US$ 340,3 bilhões em reservas internacionais em setembro, segundo dados do Banco Central (BC).