Uma pesquisa divulgada pelo PoderData, realizada de 24 a 26 de abril deste ano, mostra que a taxa dos que consideram negativa a participação de militares no governo e na política subiu 9 pontos percentuais desde dezembro.
Por Redação, com BdF - de São Paulo
A rejeição da população brasileira à presença de militares no governo disparou em 2022. A piora na avaliação coincide com o período em que foram divulgadas compras questionáveis das Forças Armadas, como os recentes escândalos envolvendo Viagra e próteses penianas e o uso de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
O levantamento também sucede um novo enfrentamento entre militares e o Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, o general Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa, respondeu a declarações do ministro Luís Roberto Barroso sobre uma suposta atuação das Forças Armadas contra o processo eleitoral.
Uma pesquisa divulgada pelo PoderData, realizada de 24 a 26 de abril deste ano, mostra que a taxa dos que consideram negativa a participação de militares no governo e na política subiu 9 pontos percentuais desde dezembro, subindo de 35% para 44%.
Tendência
A avaliação positiva chegou a 43%, após uma oscilação positiva de dois pontos percentuais, no limite da margem de erro. O levantamento aponta que outros 8% acham que a presença de integrantes das Forças Armadas em cargos de poder não afeta o país. Os que não souberam responder somam 5%.
O resultado mostra que a tendência de recuperação na imagem dos militares após o pico da pandemia, quando a avaliação negativa de integrantes das Forças Armadas no governo chegou a 52%, se inverteu.
Os dados foram coletados de 24 a 26 de abril de 2022, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3.000 entrevistas em 283 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. O estudo foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Santos Cruz
Em entrevista ao site de notícias Brasil de Fato (BdF), o sociólogo Paulo Ribeiro da Cunha, autor do livro Militares e Militância e ex-assessor da Comissão Nacional da Verdade (CNV), comentou os "escândalos" envolvendo compras das Forças Armadas, como nos casos do Viagra e das próteses penianas.
— (Isso) Está pegando na imagem das Forças Armadas. O próprio general Santos Cruz já está vindo à tona o tempo todo para tentar se descolar dessas compras de Viagra, de picanha, de próteses penianas. Outro dia estava conversando com amigo meu das Forças Armadas, ele falou: 'É duro ouvir as piadinhas que rolam por aí’ — afirmou.
Ainda segundo Cunha, “isso não atinge os generais, que estão lá em cima, no Olimpo, mas atinge essa grande maioria que tem que responder no boteco da esquina, nas conversas”.
— É indefensável. E isso pega a imagem deles. Era uma imagem muito positiva no período anterior ao governo Bolsonaro — conclui Cunha.