Retratos de suspeitos do roubo à Biblioteca Mário de Andrade são divulgados após furto de 13 obras, que seguem desaparecidas.
Por Redação, com Agenda do Poder – de São Paulo
A Polícia de São Paulo divulgou nesta segunda-feira os retratos dos dois homens que invadiram a Biblioteca Mário de Andrade, no Centro da capital, e roubaram 13 obras de arte. Segundo a corporação, ambos já foram identificados e são procurados, mas seus nomes não foram revelados para não comprometer as investigações.

A identificação dos suspeitos ocorreu por meio de câmeras do sistema SmartSampa, que registraram a dupla caminhando com parte do material roubado na manhã de domingo. As imagens mostram os homens circulando pela Rua João Adolfo com as telas nas mãos, logo após o furto da exposição “Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade”.
Como ocorreu o roubo
De acordo com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa, foram levadas oito gravuras de Henri Matisse e cinco de Candido Portinari, incluindo ilustrações da obra “Menino de Engenho”. Os valores segurados das peças são sigilosos por contrato, segundo o curador-chefe do MAM, Cauê Alves.
Vídeos divulgados com exclusividade pela TV Globo mostram uma van azul estacionando na rua às 10h43. Um homem desce e segue pela calçada, enquanto o segundo também desembarca e vai na mesma direção. Um minuto depois, eles retornam à van. O suspeito de camiseta clara aparece retirando duas telas do veículo e caminhando com elas. O outro sai com um papel nas mãos.
Em outro ângulo, o homem de roupa clara deixa três obras encostadas no muro do cruzamento da Rua João Adolfo com a Rua Alfredo Gagliotti, antes de correr e atravessar a via. Não se sabe se outra pessoa recolheu as obras ou se os ladrões retornaram mais tarde para buscá-las.
Vigilante e visitantes foram rendidos
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que dois homens renderam uma vigilante e um casal de idosos que visitava o local. Eles seguiram até a cúpula de vidro do prédio, onde colocaram documentos e oito quadros em uma sacola de lona antes de fugir pela saída principal.
Vigilantes acionaram policiais militares que patrulhavam a região, mas os suspeitos conseguiram escapar. As obras seguem desaparecidas até a última atualização desta reportagem.
O caso foi registrado no 2º Distrito Policial (Bom Retiro) e encaminhado à 1ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco), responsável por investigar crimes de maior complexidade.
As obras roubadas de Matisse e Portinari
Henri Matisse, um dos principais nomes do modernismo europeu e líder do Fauvismo, teve oito pranchas da série “Jazz” furtadas. O movimento fauvista é marcado pelo uso de cores intensas e formas expressivas, características presentes nas obras levadas. Entre elas estão:
O palhaço (Le clown);
O circo (Le cirque);
Senhor leal (Monsieur loyal);
O pesadelo do elefante branco (Cauchemar de l’Eléphant Blanc);
Os Codomas (Le Codomas);
O nadador no aquário (La nageuse dans l’aquarium);
O engolidor de palavras (L’avaleur de sabres);
O cowboy (Le Cowboy).
Candido Portinari, considerado um dos maiores pintores brasileiros, teve cinco gravuras subtraídas. Em 2007, o artista já havia sido alvo de criminosos quando “O lavrador de café” foi levado do Masp.
A Biblioteca Mário de Andrade publicou, no sábado, uma foto da exposição em que é possível identificar as obras retiradas do canto esquerdo da mostra.
Um patrimônio centenário
A Biblioteca Mário de Andrade, mantida pela prefeitura paulistana, é a segunda maior do Brasil e a maior biblioteca pública de São Paulo. Inaugurada há 100 anos, recebeu mais de 207 mil visitantes apenas no último ano. Criada originalmente como biblioteca municipal, ganhou o nome do escritor modernista Mário de Andrade em 1960.
O roubo das obras levanta preocupações sobre segurança patrimonial e fragilidade na proteção de acervos culturais, tema que deve ser tratado com prioridade pelas autoridades diante da relevância histórica das peças furtadas.