Operação São Francisco expõe áudios que ligam parlamentar ao tráfico de animais silvestres e amplia investigações sobre corrupção e lavagem de dinheiro; polícia cumpre mandados no Rio, em MG e SP.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
O deputado estadual do Rio de Janeiro TH Joias voltou a ser alvo de uma grande operação policial nesta terça-feira. A ação, batizada de Operação São Francisco, é conduzida pela Polícia Civil e mobiliza mais de mil agentes em diversos pontos do estado, além de São Paulo e Minas Gerais.
Ligação com o tráfico de animais
As investigações, coordenadas pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), revelaram que o parlamentar mantinha relações diretas com traficantes de animais silvestres. Em pelo menos quatro ocasiões, segundo a Polícia Civil, ele teria negociado e adquirido primatas da fauna brasileira.
Em áudios interceptados pela investigação, um dos criminosos chega a se vangloriar da “parceria” com TH Joias. De acordo com os investigadores, os registros indicam que o deputado não apenas comprava os animais, mas também intermediava contatos com novos compradores.
Megaoperação no Estado e fora dele
A Operação São Francisco cumpriu mais de 45 mandados de prisão e 270 de busca e apreensão em diferentes regiões, incluindo capital, Baixada Fluminense, Região Metropolitana, Região Serrana e Região dos Lagos. A ofensiva também se estende a estados vizinhos, como São Paulo e Minas Gerais. Até o momento, 17 pessoas já foram presas (veja vídeo mais abaixo).
TH Joias foi preso há duas semanas e já responde a uma série de acusações graves, entre elas tráfico, corrupção e lavagem de dinheiro. A Polícia Federal também o apontou como investigado por supostamente negociar armas com integrantes do Comando Vermelho.
De joalheiro a político
Antes de ingressar na política, TH Joias ganhou notoriedade como joalheiro, criando peças de ouro e diamantes para clientes de alto perfil, incluindo os jogadores Neymar, Vini Jr. e Adriano Imperador, além da cantora Ludmilla.
Agora, a trajetória que o levou da produção de joias luxuosas ao plenário da Assembleia Legislativa do Rio se vê marcada por sucessivas operações policiais, que colocam em xeque sua carreira política e ampliam o cerco das autoridades contra suas atividades.
Maior operação já realizada
A Operação São Francisco é a maior já realizada no Brasil contra o tráfico de animais silvestres, armas e munições. Coordenada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), com apoio da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) e de diversas forças de segurança, a ação é resultado de um ano de investigações que identificaram 145 criminosos e revelaram conexões da maior organização criminosa fluminense com facções de outros estados.
Mais de mil policiais cumprem mais de 45 mandados de prisão e 270 de busca e apreensão em diferentes regiões do Rio — capital, Região Metropolitana, Baixada Fluminense, Região Serrana e Região dos Lagos —, além de cidades em São Paulo e em Minas Gerais.
As investigações mostraram que a quadrilha agia de forma estruturada, com núcleos específicos. Caçadores retiravam animais da natureza, atravessadores os transportavam de maneira cruel até centros urbanos e falsificadores produziam anilhas e documentos para mascarar a origem. Havia ainda um setor especializado em primatas, que caçava e dopava macacos de áreas de preservação, como o Parque Nacional da Tijuca.
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, explicou que a facção “além do crime ambiental, comercializava armas e munições usadas em outros delitos”. Já o secretário estadual de Meio Ambiente, Bernardo Rossi, classificou a prática como “um verdadeiro extermínio silencioso da fauna” e “um corredor da morte, já que muitos animais não chegam vivos à venda”. O governador Cláudio Castro destacou que o grupo “alimentava a violência com a venda de armamento pesado”.
Durante a operação, foi montada na Cidade da Polícia uma base de apoio para receber os animais apreendidos. Eles passam por atendimento veterinário e avaliação pericial antes de serem encaminhados a centros de triagem, onde será definido o processo de reintrodução na natureza.
