Operação autorizada pelo STF investiga desvio de cota parlamentar e mira também o deputado Carlos Jordy; os dois parlamentares são do PL.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A Polícia Federal apreendeu R$ 430 mil em dinheiro em espécie em um endereço ligado ao deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) durante uma operação realizada nesta sexta-feira para apurar suspeitas de desvio de recursos da cota parlamentar. A ação faz parte de uma investigação que avançou sobre parlamentares após um ano de apurações concentradas em assessores.

Segundo informações obtidas pela TV Globo, o dinheiro em espécie estaria dentro de um saco preto, em um armário no flat do deputado, na capital federal.
Além de Sóstenes, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) também é alvo de mandados de busca e apreensão. Ao todo, a Polícia Federal cumpre sete ordens judiciais, todas expedidas pelo Supremo Tribunal Federal, em endereços localizados no Distrito Federal e no estado do Rio de Janeiro.
Dinheiro em espécie e investigação sobre ocultação de recursos
Segundo a investigação, “agentes políticos, servidores comissionados e particulares teriam atuado de forma coordenada para o desvio e posterior ocultação de verba pública”. Os investigadores apontam que os recursos desviados das cotas parlamentares eram repassados a empresas de fachada e, posteriormente, submetidos a mecanismos de lavagem de dinheiro.
A apuração indica ainda que assessores vinculados aos gabinetes dos dois parlamentares teriam movimentado milhões de reais ao longo do período investigado, o que levou à ampliação das diligências e à autorização das buscas contra os próprios deputados.
Operação atual é desdobramento de apuração iniciada em 2024
Em dezembro do ano passado, a Polícia Federal já havia realizado buscas em endereços ligados a assessores de Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy. Aquela ação, batizada de operação Rent a Car, investigava o uso de contratos falsos com locadoras de veículos para justificar gastos com a cota parlamentar.
De acordo com os investigadores, agentes públicos e empresários teriam firmado um “acordo ilícito para o desvio de recursos públicos oriundos de cotas parlamentares”, utilizando uma empresa de locação para simular a prestação de serviços que, na prática, não teriam ocorrido.
O material apreendido naquela etapa, incluindo documentos, registros financeiros e dados extraídos de aparelhos eletrônicos, foi determinante para que a Polícia Federal avançasse sobre os parlamentares.
Gastos com aluguel de veículos chamaram atenção
Um levantamento feito pelo diário conservador carioca O Globo em dezembro do ano passado mostrou que os gastos de Sóstenes Cavalcante com aluguel de veículos destoavam da média registrada na Câmara dos Deputados. As despesas do parlamentar com esse tipo de serviço representavam quase o dobro da média declarada por outros deputados federais.
Entre os integrantes do PL, Sóstenes ocupava a quinta posição no ranking de maiores gastos com aluguel de carros. Os valores permaneciam acima da média geral da bancada do partido na Câmara, estimada em aproximadamente R$ 71,6 mil.
No caso de Carlos Jordy, os gastos declarados com aluguel de veículos somaram R$ 65,4 mil, ficando abaixo tanto da média geral dos deputados quanto da média específica da bancada do PL.