Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Planalto não diz quem produziu e pagou por vídeo ilegal de apologia à ditadura

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Terça, 02 de Abril de 2019 às 10:03, por: CdB

Na véspera, o presidente em exercício, general Hamilton Mourão, responsabilizou Bolsonaro pela divulgação da peça publicitária de louvor à ditadura militar. A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, no entanto, não confirmou de onde partiu a ordem para a divulgação do vídeo.

 
Por Redação - de Brasília
 

Porta-voz do governo de Jair Bolsonaro (PSL), o general Otávio Rêgo Barros tentou encerrar a polêmica sobre a divulgação de um vídeo apócrifo e ilegal, em um canal oficial da Presidência da República, mas a questão permanece em aberto. Rêgo Barros disse que "esse é um assunto que nós já caracterizamos como encerrado”.

— Esse é um assunto que nós não queremos comentar — acrescentou, sem uma justificativa legal.
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O general Rêgo Barros tentou encerrar o assunto, que já está judicializado
Na véspera, o presidente em exercício, general Hamilton Mourão, responsabilizou Bolsonaro pela divulgação da peça publicitária de louvor à ditadura militar. A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, no entanto, não confirmou de onde partiu a ordem para a divulgação do vídeo.

Golpe

Para a procuradora da República e presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugênia Gonzaga, caso Bolsonaro tenha autorizado a peça publicitária, ele cometeu crime de responsabilidade e improbidade administrativa ao mandar os quartéis celebrarem os 55 anos do golpe.

O narrador contratado para ler o texto de apoio ao regime militar, no entanto, se transformou em uma pedra no sapato do presidente. Ator profissional, ele relata que foi procurado no sábado e pago para gravar o vídeo de quase dois minutos, no qual conclui que o Exército salvou o Brasil do comunismo. — O Exército nos salvou. O Exército nos salvou. E tudo isso acontecia num dia comum de hoje (sic), um 31 de março — diz o ator.

Canal oficial

O vídeo não tem nenhuma marca do Governo ou de qualquer instituição oficial. Não foi veiculado em nenhum outro canal governamental, como site ou redes sociais (mas sim na página do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro). Tampouco foi publicado pelo Exército, que, ao final é mencionado por uma segunda voz que afirma que “o Exército não quer palmas, nem homenagens. O Exército apenas cumpriu o seu papel” Passadas 72 horas após a veiculação, até agora ninguém assumiu a autoria do material. O Planalto, por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), resumiu que o vídeo foi enviado pelo canal oficial no WhatsApp, e insiste que não se pronunciará sobre o caso. O WhatsApp da Presidência da República é um canal criado ainda na gestão de Michel Temer e administrado pela equipe de comunicação do Planalto. Não se trata de um grupo, mas sim de um número que transmite para quem está na lista vídeos institucionais, como os que defendem a reforma da Previdência, e outros materiais de divulgação do governo.
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