Aras, que também é o procurador-geral eleitoral, passa à condição de suspeito na trama de um golpe de Estado no país, sob o patrocínio dos capitalistas. Uma vez incluído, formalmente, no processo em curso, o PGR será pressionado pelos fatos a declinar do cargo ou sofrer as consequências de seus atos perante a Justiça.
Por Redação - de Brasília
Os aparelhos celulares de oito empresários de grande porte, apreendidos durante operação da Polícia Federal (PF) de busca e apreensão ocorrida na véspera, em endereços ligados aos suspeitos bolsonaristas, continham troca de mensagens trocadas com o Procurador-Geral da República, Augusto Aras. A informação, divulgada nesta quarta-feira em reportagem do site de notícias Jota, cita fontes da PF, do Ministério Público Federal (MPF) e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Aras, que também é o procurador-geral eleitoral, passa à condição de suspeito na trama de um golpe de Estado no país, sob o patrocínio dos capitalistas. Uma vez incluído, formalmente, no processo em curso, o PGR será pressionado pelos fatos a declinar do cargo ou sofrer as consequências de seus atos perante a Justiça.
Celulares
Ao longo do dia, na véspera, a PF realizou a operação contra empresários bolsonaristas, após troca de mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp. A operação foi aberta por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no acolhimento ao pedido dos delegados federais que investigam o caso.
Além da apreensão dos celulares dos oito empresários bolsonaristas citados no inquérito, Moraes autorizou a quebra do sigilo bancário e telemático (de mensagem) dos empresários, o bloqueio de contas nas rede sociais e a suspensão de seus perfis nos aplicativos. De acordo com o Jota, nas mensagens haveria críticas à ação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e comentários sobre a candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.
A PGR, em pronunciamento na noite passada, alega que a operação, aberta por determinação de Alexandre de Moraes ao acolher representação da PF, não foi informada ao órgão antes de ser iniciada. Fontes próximas ao ministro do STF afirmam, no entanto, que a PGR foi informada da operação um dia antes de ser deflagrada e que não se pronunciou sobre os fatos em curso.
Golpistas
Um dos principais envolvidos no escândalo, o empresário Meyer Nigri é fundador e controlador da empresa do setor imobiliário Tecnisa. Amigo pessoal de Bolsonaro, Nigri foi um dos primeiros empresários de expressão nacional a apoiar o presidente, ainda na campanha de 2018. De lá para cá, Nigri ganhou trânsito livre em Brasília e articulou propostas que favorecem o seu setor.
Nigri também é amigo de Aras e foi citado pelo procurador-geral em seu discurso de posse.
— Não posso deixar de cumprimentar um amigo de todas as horas neste momento em que vivenciamos. E faço uma homenagem especial ao amigo Meyer Nigri, em nome de quem cumprimento toda a comunidade judaica, que comemorou 5.780 anos nos últimos dias — elogiou Aras.
Até o fechamento dessa matéria, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não havia se pronunciado sobre os desdobramentos dos crimes investigados. Na noite passada, ele participou de reunião com empresários do grupo de extrema direita Esfera Brasil, na capital paulista, ao lado de Michel Klein, dono das Casas Bahia; Flávio Rocha, da Riachuelo; e o presidente da Febraban, Isaac Sidnei.