Pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada na noite anterior, mostra que 54% dos brasileiros consideram a gestão dele ruim ou péssima. Na pesquisa passada, realizada em 20 e 21 de janeiro, a rejeição ao trabalho de Bolsonaro na pandemia era de 48%. A parcela da população que considera sua gestão boa passou de 26% para 22%.
Por Redação - de São Paulo
“E daí?!”.
A exclamação do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) diante do aumento no número de mortos pela pandemia, que agora se sabe do risco de atingir a marca dos 600 mil óbitos, foi mal digerida pela população brasileira. Tanto que a rejeição ao negacionismo do mandatário neofascista durante a crise sanitária da covid-19 leva, agora, à sua maior rejeição desde o início do governo.
Pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada na noite anterior, mostra que 54% dos brasileiros consideram a gestão dele ruim ou péssima. Na pesquisa passada, realizada em 20 e 21 de janeiro, a rejeição ao trabalho de Bolsonaro na pandemia era de 48%. A parcela da população que considera sua gestão boa passou de 26% para 22%, enquanto quem a vê como regular foi de 25% para 24%.
O Datafolha também perguntou aos entrevistados se consideram o presidente o principal culpado pela crise atual da pandemia, que matou mais de 280 mil no país, até agora, e vê um colapso nacional do sistema de saúde devido ao pico de infecções. Para 43%, Bolsonaro é o principal motivo do caos implantado no setor de Saúde do país.
Gaúchos
Apenas 17% consideram os governadores de Estado, que em grande parte defendem medidas mais rígidas de isolamento social, como culpados. Outros 9% mencionaram os prefeitos. Já 15% acreditam que a culpa se divida entre os chefes do Executivo e a população.
Na véspera, o Brasil novamente quebrou o recorde diário de mortes por covid-19. O número de vítimas desde o início da pandemia chegou a 281.626. Os dados iniciais do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) não levavam em conta as mortes no Rio Grande do Sul, por atraso no envio das informações. Após a divulgação, o Estado dos gaúchos contou 502 mortos. Com isso, o número total subiu de 2.340 para 2.842 óbitos.
Muitos Estados e municípios brasileiros vivem o colapso do sistema de Saúde, sem leitos hospitalares disponíveis. Especialistas argumentam que, acima de 85% da capacidade, a situação já é de pressão sobre o sistema, com criação de filas. E são muitos os Estados nesta situação, com destaque para os três do Sul – Paraná (92%), Santa Catarina (99%) e Rio Grande do Sul (98%).
No digital
Em boletim extraordinário divulgado na véspera, a Fiocruz apresentou uma análise a respeito do estágio da pandemia de covid-19 no Brasil. E, segundo a avaliação de pesquisadores da instituição, o país passa hoje por uma “situação gravíssima”, configurando o maior colapso sanitário e hospitalar de sua história.
No ambiente digital, o índice de menções negativas ao presidente Bolsonaro também atinge o mais alto percentual desde o começo do seu mandato, há dois anos, aponta a pesquisa ModalMais/AP Exata divulgada nesta manhã.
As justificativas apontam para o “caos” na saúde leva Estados a ignorar apelos anti-lockdown e a ampliar restrições. Um novo ministro não é visto como solução ao combate da pandemia. Os governistas intensificam a divulgação de tratamento precoce e, por fim, o valor do novo auxílio emergencial é considerado insuficiente diante os índices elevados de inflação.
Novo ministro
Nesta quarta-feira, o índice de menções negativas a Jair Bolsonaro no Twitter atingiu 73%. É o mais alto percentual desde o início do mandato. A condução da pandemia de coronavírus e a alta de preços também têm corroído a imagem do presidente. A estabilidade em níveis tão negativos pode gerar o afastamento de forças políticas que circulam, atualmente, o Palácio do Planalto.
O futuro ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, não tem sido visto nas redes como alguém que conseguirá corrigir os rumos do país no combate à covid-19. É encarado como um nome que apenas seguirá os rumos traçados pelo seu antecessor, Eduardo Pazuello. O novo ministro vem sendo aplaudido apenas pela militância governista, que segue focada na defesa do tratamento precoce.
O presidente da Câmara Federal, o deputado Arthur Lira (DEM –AL) está sendo criticado por bolsonaristas, por supostamente ter indicado a médica Ludhmila Hajjar para a Saúde. O presidente da Câmara até o momento não se manifestou nas redes a respeito da indicação de Queiroga para o cargo. Analistas acreditam que o episódio pode ter estremecido as relações entre Lira e o Bolsonaro.
Auxílio insuficiente
Apesar da falta de consenso em torno de um lockdown mais severo, Estados têm ampliado as restrições, pressionados pelo caos na saúde. O caso mais falado pelos internautas é o de Minas Gerais. Romeu Zema instaurou a fase roxa de restrições, surpreendendo oposição e governistas. Acostumado a ser elogiado pela militância bolsonarista, hoje Zema tem sido alvo de críticas.
A notícia de que a maioria dos beneficiários do novo auxílio emergencial irá receber apenas o mínimo de R$ 150 gerou uma série de queixas. Internautas fizeram contas ao que será possível comprar com o valor, chegando à conclusão de que será muito pouco, devido à inflação.