‘PEC dos precatórios’ tende a sofrer mudanças, no Senado
Sete deputados que estão entre os críticos do texto decidiram que irão recorrer à Corte mesmo depois de a ministra Rosa Weber ter negado, no último dia 9, três ações que pediam anulação da votação de primeiro turno da PEC na Câmara dos Deputados.
Sete deputados que estão entre os críticos do texto decidiram que irão recorrer à Corte mesmo depois de a ministra Rosa Weber ter negado, no último dia 9, três ações que pediam anulação da votação de primeiro turno da PEC na Câmara dos Deputados.
Por Redação, com BdF - de Brasília
A disputa em torno da chamada “PEC dos Precatórios” tramita no Senado e ainda não reuniu apoio majoritário para que o governo arrisque a votação do texto. A medida deve seguir como alvo de controvérsia também no Supremo Tribunal Federal (STF).
Senado define nas próximas semanas o futuro da PEC dos precatórios
Sete deputados que estão entre os críticos do texto decidiram que irão recorrer à Corte mesmo depois de a ministra Rosa Weber ter negado, no último dia 9, três ações que pediam anulação da votação de primeiro turno da PEC na Câmara dos Deputados.
O texto foi chancelado no Plenário da Câmara, na madrugada do último dia 4, após intensas faíscas relacionadas não só ao conteúdo da PEC, mas especialmente à forma como o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), conduziu a votação. Para tentar ampliar a margem do governo no possível placar, o mandatário decidiu liberar para participarem do processo parlamentares que estavam fora do país, em missão diplomática. Para isso, editou um ato que oficializou a autorização e avalizou a participação virtual desses deputados.
Disputa
A manobra favoreceu a gestão Bolsonaro, que ganhou a disputa com um apertado placar de 312 votos a 144 – para que o texto obtivesse sinal verde, o governo precisaria de 308 apoios. Das três ações que tramitam no Supremo pedindo a anulação da votação, uma é do PDT e a outra do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido-RJ). A terceira, que aglutina parlamentares de oposição e de direita, é a dos sete deputados que já declararam que irão seguir em frente na disputa judicial.
O grupo reúne Joice Hasselmann (PSL-SP), Júnior Bozella (PSL-SP), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Kim Kataguiri (DEM-SP), Marcelo Freixo (PSB-RJ), Vanderlei Macris (PSDB-SP) e Alessandro Molon (PSB-RJ), sendo este último líder da oposição na Câmara.
— Nós vamos insistir nisso porque a lista oficial com o nome dos parlamentares que estavam em missão oficial – e que, portanto, estavam dispensados de votar, mas acabaram votando – não foi informada ainda pela Câmara ao STF. Além disso, não se sabe como os que estavam licenciados votaram. Todas essas informações são relevantes — disse Molon ao site de notícias Brasil de Fato (BdF).
Para a deputada Fernanda Melchionna “são deputados que nem estavam participando do debate porque estavam fora do Brasil e que foram autorizados a votar, o que nas semanas anteriores à da votação não era permitido”. Entre elas, a parlamentar menciona a relação da PEC com o chamado “orçamento secreto”, operação envolvendo uma modalidade de emendas parlamentares que leva à canalização de recursos públicos para deputados simpatizantes de Bolsonaro.
No Senado
Paralelamente à disputa no Judiciário, a PEC enfrenta grande resistência no Senado, onde o governo Bolsonaro ainda não encontrou terreno fértil para garantir uma maioria que sustente a aprovação do texto.
Por se tratar de uma mudança na Constituição Federal, dos 81 membros da Casa, 49 precisariam aprovar a medida para que ela seguisse em frente. A não flexibilização do conteúdo do texto pelo governo teria potencial para atrair 35 votos contrários, segundo têm entoado os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL). O número seria suficiente para barrar a PEC, nesse caso.
Como forma de tentar amenizar o incêndio em torno do tema na Casa, o líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), se reuniu na terça (16) com dissidentes da proposta para tentar costurar uma saída que pavimente o caminho para a vitória do texto. Segundo ele, a ideia seria votar a PEC ainda em novembro ou no começo de dezembro.