Os salários do setor público foram congelados durante a crise fiscal portuguesa de 2011 a 2014, e o governo teme que grandes aumentos em um setor desencadeiem uma avalanche de exigências de todos os servidores públicos.
Por Redação, com Reuters - de Lisboa
O Parlamento de Portugal rejeitou nesta sexta-feira uma proposta de aumento salarial retroativo para os professores, contendo uma crise política em potencial na esteira da ameaça de renúncia feita pelo governo na semana passada em caso de aprovação da medida.
Os salários do setor público foram congelados durante a crise fiscal portuguesa de 2011 a 2014, e o governo teme que grandes aumentos em um setor desencadeiem uma avalanche de exigências de todos os servidores públicos, o que minaria seus esforços para equilibrar o orçamento
Em 2 de maio, os dois partidos conservadores do Parlamento uniram forças com a extrema-esquerda em um comitê para aprovar aumentos salariais para os professores que vêm sendo adiados há mais de nove anos.
Desde então eles recuaram e apresentaram moções separadas especificando aumentos de salários só se as finanças públicas puderem bancá-los, e acusaram o primeiro-ministro, António Costa, de criar uma crise artificial por meio do que chamaram de politicagem antes da eleição geral de outubro.
O governo já projetou elevações salariais cobrindo somente três anos de aumentos atrasados para o orçamento deste ano, e disse que qualquer outra concessão seria injusta e desestabilizadora.
Os socialistas foram elogiados pelos investidores por reduzirem o déficit orçamentário quase a zero, além de combinar o crescimento econômico com a reversão das medidas de austeridade impostas durante a crise da dívida.
A disputa pode ter favorecido Costa reforçando a imagem de responsabilidade fiscal, mas pode fortalecer uma onda recente de greves e protestos de professores, enfermeiras, policiais e carcereiros que pedem aumentos de salários e melhores condições de trabalho.