Segunda, 29 de Novembro de 2021 às 08:04, por: CdB
O resultado da operação policial ganhou visibilidade na manhã do último dia 22, quando a imagem de moradores do Salgueiro retirando, por conta própria e sem ajuda da polícia, os corpos de homens mortos que estavam numa região de difícil acesso da comunidade tomou conta dos noticiários.
Por Redação, com Brasil de Fato - do Rio de Janeiro
Os agentes de segurança da operação policial que deixou nove mortos no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, efetuaram 1.514 disparos de arma de fogo contra os criminosos.
A ação durou 35 horas e envolveu 22 policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) ao longo da manhã de sábado até domingo. As informações constam no registro de ocorrência feito na Delegacia de Homicídios de Niterói (DHNSG) e foram obtidas pelo Fantástico da TV Globo.
Segundo o jornal Extra, os documentos também mostram que, na delegacia, os próprios policiais afirmaram que três cabos e um sargento foram responsáveis por 588 disparos. Os PMs também relataram em seus depoimentos a apreensão de drogas, rádios comunicadores e uma espingarda.
Em outro registro, que não foi feito pelos PMs, um policial civil da Delegacia de Homicídios afirmou que só soube dos corpos encontrados no manguezal 13 horas depois do fim da operação e que os moradores apontavam os policiais militares como possíveis executores.
Chacina
O resultado da operação policial ganhou visibilidade na manhã do último dia 22, quando a imagem de moradores do Salgueiro retirando, por conta própria e sem ajuda da polícia, os corpos de homens mortos que estavam numa região de difícil acesso da comunidade tomou conta dos noticiários.
Os corpos foram enfileirados pelos moradores e cobertos por lençóis na Rua Pedro Anunciato da Cruz e, segundo seus relatos, apresentavam sinais de tortura.
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro, por meio do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) e da Ouvidoria Externa esteve, na semana passada, no Complexo do Salgueiro para ouvir os moradores.
De acordo com Maria Julia Miranda, defensora do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, o órgão constatou uma série de erros cometidos pela PM, entre eles, o de não comunicar a existência de mortes para a Polícia Civil e isso era fundamental que fosse feito para preservar o local da perícia.
– Como não houve essa comunicação, a Polícia Militar também não fez o acautelamento da área a fim de impedir que a cena do crime fosse desfeita. Houve também o descumprimento da decisão liminar ADPF 635, uma vez que a PM comunicou a excepcionalidade da operação policial ao Ministério Público no sábado a partir das 18h30, só que a operação começou na parte da manhã – explicou.