Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Núcleo político do governo retoma negociações com Senado

O núcleo político do governo retoma negociações com o Senado, visando a aprovação de Jorge Messias ao STF. Lula se reúne com Alcolumbre para pacificar tensões.

Quinta, 27 de Novembro de 2025 às 20:18, por: CdB

Integrantes da base aliada ao governo, na Casa, adiantaram à mídia conservadora nas últimas horas, em condição de anonimato, que Lula já concordou em se reunir com Alcolumbre, nos próximos dias.

Por Redação – de Brasília

O núcleo político do governo retomou, nesta quinta-feira, as articulações para promover, nos próximos dias, um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), com o objetivo de reduzir a tensão criada após o anúncio da indicação do advogado-Geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nos bastidores, assessores do presidente acreditam que uma conversa direta entre os presidentes do Executivo e do Congresso tende a pacificar a situação.

Núcleo político do governo retoma negociações com Senado | Lula e Alcolumbre tendem a se reunir para conversar sobre a indicação de Jorge Messias ao STF
Lula e Alcolumbre tendem a se reunir para conversar sobre a indicação de Jorge Messias ao STF

Integrantes da base aliada ao governo, na Casa, adiantaram à mídia conservadora nas últimas horas, em condição de anonimato, que Lula já concordou em se reunir com Alcolumbre, nos próximos dias. Um diálogo franco entre eles, com a exposição de motivos de parte a parte para liberar a aprovação de Messias, em Plenário, disseram as fontes, tem o poder de “aplainar o terreno”.

Na reunião, segundo assessores, Lula deverá entregar presencialmente a Alcolumbre a mensagem em que formaliza a escolha de Jorge Messias para a Corte Suprema. Além do gesto de cordialidade, o chefe do Executivo deverá ouvir as reivindicações do senador para assuntos correlatos.

 

Fatura

Conforme apurou o colunista Igor Gadelha, do site brasiliense de notícias ‘Metrópoles’, Alcolumbre deverá apresentar uma “fatura elevada” ao presidente, entre elas o comando de estruturas estatais como o Banco do Brasil, Banco do Nordeste (BNB), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Lula, segundo voz corrente no Planalto, estaria disposto a ceder em parte esses espaços, desde que assegure a aprovação de Messias ao STF.

No Senado, a contrariedade quanto à indicação de Messias tornou-se evidente após Alcolumbre romper a interlocução com o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA). O entrevero ampliou a dificuldade do Planalto em compreender exatamente quais as exigências do presidente do Senado para superar a resistência quanto à escolha do presidente.

Entre as razões expressas, ainda que de forma transversa por Alcolumbre, para resistir tanto à escolha de Messias pesa o fato de que a indicação foi anunciada sem um telefonema prévio ao presidente do Senado e antes mesmo do envio da mensagem formal. Setores da Casa veem a vaga como uma oportunidade inesperada que chegou às mãos de Lula, e defendem que o presidente divida “o bônus” da escolha com o Legislativo, apurou Gadelha.

 

Fragilidades

Aliados do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o preferido de Alcolumbre, apontam para uma suposta dívida política que pesaria entre Lula e o senador mineiro. Para eles, Pacheco, que confrontou diretamente o governo de Jair Bolsonaro (PL) e terá uma eleição considerada difícil pela frente, seria o único nome sem garantia de proteção institucional caso não fosse conduzido ao STF. Lula, no entanto, disse pessoalmente a Pacheco que gostaria de vê-lo candidato ao governo mineiro, o que o parlamentar recusou.

A partir daí, a reação de Alcolumbre foi imediata. Apenas algumas horas após o anúncio de Messias, o presidente da Casa incluiu na pauta do Senado as tais ‘pautas-bomba’ e marcou a votação sobre o indicado para 10 de dezembro, um prazo extremamente curto para a articulação junto aos senadores.

 

Mais tempo

A articulação de Alcolumbre no sentido de derrubar a indicação de Jorge Messias, no entanto, tem provocado uma forte reação dentro da própria Corte. Ministros consideram inadequado o movimento que vem sendo conduzido pelo presidente do Congresso.

A manobra para acelerar o processo de votação, no Senado, ignorando a posição do Palácio do Planalto, tem sido vista como algo “descabido” no meio jurídico. A sabatina foi marcada para 10 de dezembro, mesmo diante da divergência aberta com o governo, que precisa de mais tempo para articular a aprovação de Messias.

Nos bastidores do Supremo, o entendimento é de que Alcolumbre corre o risco de “passar do ponto” caso avance na estratégia de inviabilizar Messias. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já deixou claro que, se o advogado-geral da União for rejeitado, não pretende indicar Pacheco.

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