Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Nova onda de ataques na Ucrânia mata 20 e fere dezenas

As forças de Moscou bombardearam o país vizinho com ao menos 48 mísseis e 470 drones de vários tipos, afetando também a distribuição de energia elétrica em diversas regiões.

Quarta, 19 de Novembro de 2025 às 10:37, por: CdB

As forças de Moscou bombardearam o país vizinho com ao menos 48 mísseis e 470 drones de vários tipos, afetando também a distribuição de energia elétrica em diversas regiões.

Por Redação, com ANSA e RFI – de Kiev

Ao menos 20 pessoas morreram, incluindo duas crianças, e 66 ficaram feridas em Ternopil, no oeste da Ucrânia, devido a um novo ataque massivo russo nesta quarta-feira.

Nova onda de ataques na Ucrânia mata 20 e fere dezenas | Bombeiro ucraniano tenta conter incêndio em Kharkiv, após ataques russos nesta quarta
Bombeiro ucraniano tenta conter incêndio em Kharkiv, após ataques russos nesta quarta

De acordo com as autoridades de Kiev, as forças de Moscou bombardearam o país vizinho com ao menos 48 mísseis e 470 drones de vários tipos, afetando também a distribuição de energia elétrica em diversas regiões.

“Assim que a situação de segurança permitir, as equipes de resposta a emergências e as operadoras de energia começarão a eliminar as consequências do ataque, a fim de restabelecer o fornecimento elétrico às regiões o mais rápido possível”, informou o Ministério da Energia ucraniano em meio ao confronto.

Do lado do Kremlin, o porta-voz Dmitry Peskov justificou os ataques de hoje como uma “resposta” às tentativas de Kiev de realizar uma ofensiva contra a Rússia com armas ocidentais.

– Estamos dando continuidade à operação militar especial. Nossas Forças Armadas têm combatido as tentativas do regime ucraniano de lançar ataques com armamento ocidental, neste caso americano, de alta precisão” contra Moscou – declarou Peskov.

Ainda nesta quarta, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky irá participar de uma cúpula na Turquia com seu homólogo local, Recep Tayyip Erdogan, e, possivelmente, com o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, sobre a guerra no leste europeu, a qual teve início em fevereiro de 2022 com a invasão de tropas russas em território ucraniano. 

Ucrânia reforça diálogo com países do Sul Global para combater propaganda russa em meio à guerra

Em guerra com a Rússia desde 2022, a Ucrânia vem buscando meios para reforçar o diálogo com o Sul Global, numa tentativa de frear a propaganda russa e criar conexões com nações que enfrentaram períodos recentes de domínio colonial. Um exemplo é a conferência “Crimeia Global”, que convidou esta semana representantes da sociedade civil desses países para observarem os efeitos da guerra na população ucraniana. A iniciativa presidencial visa também a restituição da península da Crimeia, ocupada ilegalmente pela Rússia.

A terceira edição da conferência conta com a presença de representantes de nações da Ásia, África, América Central e América Latina. A Ucrânia vê paralelos entre os países participantes e sua própria situação atual, a começar pela anexação ilegal da Crimeia pela Rússia em 2014 e pela perseguição das populações locais sob a ocupação russa.

Esta troca de experiências permite também a Kiev combater a desinformação russa entre os cidadãos de países que não necessariamente tomaram uma posição sobre a guerra. Isto é feito através do diálogo e da demonstração, entre outras coisas, do impacto dos bombardeios russos no cotidiano dos ucranianos e da denúncia das violações do direito internacional por parte da Rússia.

Entre os temas abordados na conferência estão os direitos humanos e o tratamento dos prisioneiros de guerra ucranianos na Rússia, com o testemunho de Dmytro Khyliuk, um jornalista libertado recentemente após três anos e meio em cativeiro na Rússia. Desde seu retorno, ele tem tentado conscientizar as pessoas sobre as condições desumanas de detenção que vivenciou.

– Há mais de duas mil pessoas ainda espalhadas em prisões pela Rússia. Precisamos falar sobre isso com nossos convidados, para que saibam que a Rússia é uma escravagista moderna, um país que quer escravizar outro e colocar seus cidadãos em servidão. Não no sentido medieval. Esta é a escravidão moderna, na qual um país é conquistado e seus cidadãos são informados que não têm mais identidade própria, não têm mais um povo […]. E se vocês se opuserem, são aniquilados – relata Dmytro.

O encontro com Dmytro impressionou Beloved John, jornalista nigeriana em sua primeira visita à Ucrânia. “Mesmo se temos nossos problemas de segurança interna, meu país não sofre uma interferência estrangeira dessa magnitude. Para mim é simplesmente inconcebível a ideia de alguém permanecer detido por tanto tempo em um país estrangeiro.”

Já para a defensora congolesa dos direitos humanos, Anny Modi, o que mais marcou sua visita foi a força da sociedade civil. “A coordenação entre a administração pública, os serviços de segurança e a população, que se une em torno dessa visão, se posso dizer assim, do seu chefe de Estado, me impressionou e me tocou profundamente.”

Estrangeiros recrutados para exército russo

Outro assunto abordado durante a terceira conferência “Crimeia Global” trata do destino de estrangeiros recrutados à força para o exército russo. O jornalista Dmytro Khyliuk também denuncia a prática imposta por Moscou a estes combatentes.

Segundo estimativas apresentadas no evento, mais de 18 mil estrangeiros foram recrutados, voluntariamente ou à força, para o exército russo.

– Como vocês devem ter entendido, nenhum treinamento militar básico é ministrado. Um contrato é assinado e eles são imediatamente enviados para a frente de batalha para operações de assalto. A maioria dos estrangeiros detidos pelos ucranianos se rendeu durante sua primeira missão de combate – afirma o brigadeiro-general ucraniano Dmytro Yusov.

Quenianas recrutadas para fábrica de drones

Também presente no evento, o jornalista queniano Wellingtone Nyongesa investigou o recrutamento de mulheres quenianas para o esforço de guerra russo, especialmente em fábricas de drones.

– Dois anos após o início da guerra, começaram a surgir informações na mídia e na sociedade civil sobre o recrutamento pela Rússia de jovens mulheres africanas no âmbito do chamado Programa Alabuga, com sede na República do Tartaristão, que faz parte da Rússia – explica o jornalista.

Mesmo longe da linha de frente, essas mulheres, assim como os estrangeiros recrutados pelo exército russo, correm o risco de perder a vida. Kiev aponta que já documentou a morte de mais de 3,3 mil estrangeiros recrutados pelo lado russo da guerra.

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