Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

MST amplia enfrentamento ao neofascismo com candidaturas próprias

"Os nossos candidatos são porta-vozes da luta pela terra, pela agricultura familiar, alimento saudável, emprego, distribuição de renda, soberania nacional", descreve Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST.   

Terça, 20 de Setembro de 2022 às 12:08, por: CdB

"Os nossos candidatos são porta-vozes da luta pela terra, pela agricultura familiar, alimento saudável, emprego, distribuição de renda, soberania nacional", descreve Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST. Cumprem também o papel, acrescenta, “de fazer a disputa eleitoral contra Bolsonaro e em defesa da eleição do presidente Lula”.   

Por Redação, com BdF - de São Paulo
A eleição de 2022, além de marcada pela disputa polarizada entre os candidatos de centro-esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e de ultradireita, Jair Bolsonaro (PL), tem a característica de ser aquela em que, desde a redemocratização, mais movimentos populares lançam, de forma coordenada, candidaturas próprias. Com o objetivo de ocupar espaço na Câmara dos Deputados em Brasília, em Assembleias Legislativas Estaduais, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem 15 candidaturas neste pleito.
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É a primeira vez que a Coordenação Nacional do MST decide participar diretamente da disputa eleitoral
Não é inédita a disputa institucional por parte de militantes sem-terra. A primeira foi quando o gaúcho Adão Pretto, dois anos depois do surgimento do MST (do qual foi um dos fundadores), foi eleito deputado estadual constituinte em 1986 pelo PT, também recém-criado na época. Em 2022, no entanto, é a primeira vez que o MST entra na disputa eleitoral com essa quantidade de candidatos e uma campanha articulada nacionalmente. O mesmo pode ser dito da campanha indígena lançada pela Articulação dos Povos Indígenas (Apib) sob o mote “Aldear a política” e de setores do movimento negro impulsionados pela Coalizão Negra por Direitos, com o eixo “Quilombo nos parlamentos”.

Contraofensiva

Entre os principais aspectos que, segundo lideranças do MST ouvidas pelo site de notícias Brasil de Fato (BdF), motivam essa escolha política, está a avaliação de que a disputa eleitoral contribui para articular a luta pela reforma agrária com pautas mais amplas; que essas cadeiras devem ser ocupadas por segmentos representativas da sociedade brasileira; além de que as decisões tomadas por quem as ocupa têm impacto na vida da população brasileira. Trata-se, também, de uma “contraofensiva institucional”, como diz documento do MST a respeito de suas candidaturas, entendendo ser uma resposta ao que nomeiam como “avanço das forças fascistas”. — Os nossos candidatos são porta-vozes da luta pela terra, pela agricultura familiar, alimento saudável, emprego, distribuição de renda, soberania nacional — descreve Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST. Cumprem também o papel, acrescenta, “de fazer a disputa eleitoral contra Bolsonaro e em defesa da eleição do presidente Lula”.

Espaços ocupados 

Lembrando que o movimento está a dois anos de completar quatro décadas de existência, a também coordenadora nacional Débora Nunes, aponta que “o lugar de fala” do MST é o da luta pela conquista da terra, mas que essa bandeira está relacionada com outras que são “de interesse e necessidade de toda a sociedade”. — Nós também fomos compreendendo que a luta na rua é importante, mas que existem outros espaços na estrutura da nossa sociedade que, no final das contas, também definem os rumos do atendimento ou não dessas pautas — afirmou Débora. Segundo Nunes, o MST entende que “esses sujeitos sem-terra que estão neste pleito têm a legitimidade de serem representantes de um segmento da sociedade que demanda desse poder as ações, leis e políticas que efetivamente resolvam problemas de injustiças no nosso país”. — Precisamos eleger a maior bancada possível de trabalhadores para fazer uma ampla disputa no Congresso Nacional, que é hoje tomado pelo poder do agronegócio, das grandes empresas — acrescentou Alexandre Conceição. Para se ter uma ideia, dos parlamentares que representam os nove Estados que compõem a Amazônia Legal, 74% dos senadores e 56% dos deputados federais fazem parte da bancada ruralista. Além disso, de 513 parlamentares que compõem a Câmara dos Deputados, 71% são homens brancos.
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