De acordo com o advogado da organização, Benedito Roberto Barbosa, os integrantes dos movimentos de moradia discutem há meses o crescimento do número de civis mortos pela Polícia Militar nas periferias.
Por Redação, com Brasil de Fato – de São Paulo
Uma manifestação será realizada na próxima segunda-feira contra a escalada da letalidade policial registrada neste ano, no Estado de São Paulo. Convocado pela União dos Movimentos de Moradia de São Paulo (UMM- SP), o ato ocorrerá nas escadarias da Praça da Sé, na região central da capital, às 15h30.
– Enquanto a violência policial em São Paulo atinge números macabros, o secretário de Segurança Pública atua para desmontar a Ouvidoria de Policiais, e o número de jovens negros assassinados atinge recordes no governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). É preciso exigir uma atuação rápida do Ministério Público para frear a política de morte do governador e de seu secretário. Por isso, organizamos o Ato União pela Paz, pois a estamos prestes a assistir a uma convulsão social se essa política de carnificina não for parada já – diz Graça Xavier, presidenta da instituição.
De acordo com o advogado da organização, Benedito Roberto Barbosa, os integrantes dos movimentos de moradia discutem há meses o crescimento do número de civis mortos pela Polícia Militar nas periferias.
– Para piorar, mais recentemente, em atos violentos da polícia, um menino de quatro anos foi morto, um rapaz foi jogado pela ponte e um outro executado pelas costas com onze tiros, porque estava furtando sabão em pó. Além disso, as invasões da polícia nas favelas e nas ocupações trazem como vítimas das balas perdidas dezenas de pessoas inocentes. Por isso, organizamos essa mobilização, pois a violência policial atinge as periferias onde estamos trabalhando, nas Zonas Sul, Leste e Oeste da cidade – afirma.
Evaniza Rodrigues, uma das organizadoras do ato, explica que, após a manifestação na Sé, os manifestantes devem se dirigir à sede da Secretaria de Segurança Pública, na Praça Ouvidor Pacheco e Silva, e depois ao Ministério Público. “Nós entendemos que cabe ao Ministério Público cobrar uma atuação mais firme no controle da atividade policial. Faremos o que for preciso para exigir mudanças urgentes”, diz Evaniza.
Os dados mostram que do início de janeiro ao dia 3 de dezembro deste ano, 712 pessoas foram mortas por policiais militares do estado de São Paulo, segundo informações do Ministério Público.
O número já representa 54,8% a mais do que o registrado ao longo de todo o ano passado, quando 460 pessoas morreram. Em comparação com o mesmo período de 2023, quando 409 mortes foram registradas, o aumento observado neste ano é de 74%.
Dos assassinatos registrados até agora, 608 foram praticados por policiais no horário de serviço, e 104 por agentes em folga. O total representa uma média de duas pessoas mortas pela polícia paulista por dia.