A tensão entre os dois políticos tende a acentuar os desgastes no relacionamento entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a Câmara.
Por Redação – de Brasília
Presidente da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) disse nesta segunda-feira que rompeu com o líder do PT na Casa, deputado Lindbergh Farias (RJ). O pronunciamento gerou mal estar entre o Legislativo e o Executivo.

— Não tenho mais interesse em ter nenhum tipo de relação com o deputado Lindbergh Farias — disse o parlamentar ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), nesta manhã.
A tensão entre os dois políticos tende a acentuar os desgastes no relacionamento entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a Câmara. Há em curso atritos também entre o Palácio do Planalto e o Senado. Dois líderes políticos próximos a Motta disseram à FSP que a relação entre os dois, agora, será meramente institucional.
Discussões
Parlamentares do chamado ‘Centrão’, próximos a Hugo Motta, já andavam se queixando da atuação de Lindbergh, acusando o parlamentar de se exaltar nas discussões e buscar desgastar a imagem da Câmara junto à opinião pública. A cúpula da Casa também critica o comportamento do deputado nas reuniões semanais com líderes e Motta, afirmando que ele atua como se fosse líder do governo, quando deveria responder apenas pela bancada do PT.
O líder petista, no entanto, é um dos deputados mais atuantes na defesa do governo e de suas pautas na Casa; além de usar as redes sociais para travar essa disputa política com segmentos da ultradireita, aos quais Motta se identifica.
A discussão do Projeto de Lei (PL) Antifacção, aprovado na Câmara na semana passada, acentuou o desgaste na relação entre Motta e Lindbergh, segundo aliados do parlamentar. Integrantes da cúpula da Câmara se queiram ao diário conservador, em condição de anonimato, acerca da atuação do governo e de seus ministros na tramitação da matéria, acusando-os de incentivar ataques à Câmara e do que consideram “narrativas” acerca do conteúdo do texto.
Derrite
Hugo Motta, por decisão própria, escolheu como relator do projeto enviado pelo Executivo, e apontado como principal resposta de Lula à crise na segurança pública após megaoperação no Rio, o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança do governo Tarcísio de Freitas, considerado o potencial adversário de Lula nas próximas eleições.
A escolha de Motta gerou contrariedade junto ao núcleo político do Planalto e tensionou o debate da matéria. O relator fez uma série de mudanças ao texto que foram criticadas pelo governo e, diante dos fatos, o Executivo orientou votação contrária à proposta, mas foi derrotado por ampla margem, em Plenário. O texto, agora, encontra-se no Senado.
A partir daí, o ambiente entre o presidente da Casa e o líder petista azedou de vez. Um líder do ‘Centrão’ admitiu à FSP que, agora, o clima entre os parlamentares e o Planalto é muito ruim, citando também o que classifica como acordos não cumpridos do Executivo, seja na redistribuição de cargos, na baixa execução orçamentária e em relação às matérias em discussão na Casa.