Após encontro entre Guedes e Rodrigo Maia, Bolsonaro diz, em pleno outono, que crise não passou de uma ‘chuva de verão’.
Por Redação - de Brasília
Presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse nesta quinta-feira, após almoçar com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que seu foco é ajudar a fazer as reformas no Brasil, entre elas a da Previdência, ao passo que o ministro assegurou que o “barulho” gerado por atritos políticos recentes será reduzido.
Guedes conversou com Rodrigo Maia, na tentativa de colocar panos quentes na crise com Bolsonaro
Maia e Guedes falaram com a imprensa após almoço com líderes partidários e trocaram elogios mútuos. A cena ocorre um dia após o novo capítulo da troca de farpas entre Maia e o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ainda na véspera, Guedes afirmou, em audiência no Senado, que não se apega ao cargo e tem uma vida fora do ministério. O recado foi interpretado por agentes econômicos como negativos para o futuro da reforma da Previdência.
Bolsonaro também tentou, nesta manhã, jogar água em vez de gasolina, no incêndio político que consome o seu curto mandato. Ele disse, a jornalistas, que a crise é página virada e que da sua parte não há qualquer problema com o parlamentar. Em pleno outono, Bolsonaro comparou a crise política mais grave de seu governo a “uma chuva de verão”.
— Agora, o céu está lindo. O Brasil está acima de nós. Da minha parte não tem problema nenhum. Vamos em frente. Página virada — disse Bolsonaro a jornalistas ao fim de uma cerimônia em que recebeu a Ordem do Mérito Judiciário Militar.
‘Abalado’
Bolsonaro afirmou também que conversou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e que o governo continua trabalhando para aprovar a reforma da Previdência.
— A reforma não é só para mim, para o meu governo, é para o Brasil — acredita.
Na quarta-feira, depois de uma tentativa inicial de trégua, Bolsonaro voltou a dizer que Maia estava “abalado” por questões familiares, referindo-se à prisão do ex-ministro Moreira Franco, que é padrasto da mulher de Maia. O presidente da Câmara respondeu que Bolsonaro estava “brincando de ser presidente” e os ânimos se exaltaram novamente.
Ao final do dia, depois de o dólar ter se aproximado de R$ 4, o presidente da Câmara acenou com uma nova trégua. Em entrevista, disse que os dois, ele e Bolsonaro, tinham que parar com os atritos, e que para ele o assunto não existia mais.
Ditadura
Ainda aos jornalistas, Bolsonaro defendeu, mais uma vez, sua decisão de incentivar a comemoração do golpe militar de 1964 nos quartéis, mas negou que seja uma celebração.
— Não foi para comemorar, foi para rever, ver o que está errado, o que está certo, e usar isso para o bem do Brasil no futuro — amenizou o presidente.
Bolsonaro comparou com um casamento em que os esposos brigam, decidem se perdoar e não tocar mais no assunto que causou o desentendimento.
— É para não voltar naquele assunto do passado que houve aquele mal entendido entre nós. A lei da anistia está aí, valeu para todos. Vamos respeitar para todo mundo e não se toca mais no assunto, ponto final — deseja.
Crise na Educação
Bolsonaro também negou que tenha exonerado o ministro da Educação, Ricardo Vélez, dizendo que jamais demitiria alguém por telefone. Reconheceu, no entanto, que há problemas nesse ministério e que irá conversar com o ministro para acertar a situação.
— Tem problemas, ele é novo no assunto, não tem o tato político. Vou conversar com ele e tomar as decisões que tiver que tomar. Não vou ameaçar nenhum ministro publicamente — disse Bolsonaro, que se recusou a explicar se o ministro poderia ser realmente demitido.
Desde o primeiro mês de governo, o MEC vive um clima de disputas internas que já levou à saída de pelo menos 13 pessoas. Uma das mais recentes baixas foi a do presidente do Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep), Marcus Vinícius Rodrigues. Aos jornalistas, depois de deixar o cargo, Rodrigues disse que o ministério “vive uma incompetência geral muito grande”.