Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Mais de 5 milhões de brasileiros passam fome desde o golpe de Estado, em 2016

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Domingo, 05 de Maio de 2019 às 12:45, por: CdB

No Brasil, 2,5% da população passou fome em 2017. Isso corresponde a 5,2 milhões de pessoas. O Brasil só saiu do mapa da fome em 2014, mas voltou após a crise gerada no golpe de Estado, em 2016.

 
Por Clara Dawn-Portal Raízes - de São Paulo
  Com a concentração de riquezas nas mãos de uma pequena parcela da população, a FOME É O MAIOR PROBLEMA SOLUCIONÁVEL num mundo onde 821 milhões de pessoas passam fome, segundo a ONU. No Brasil 5,2 milhões de pessoas não têm o que comer.
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O número de brasileiros em condições miseráveis aumentou, exponencialmente, após o golpe de 2016
O relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mostrou que a fome aumentou no mundo. No ano passado, 821 milhões de pessoas passavam fome em todo o planeta. Este é o terceiro ano consecutivo com aumento deste número, segundo a FAO. O relatório cita como as principais causas do avanço da subnutrição os conflitos armados, crises econômicas e fenômenos naturais extremos, como secas e enchentes.

Mapa da fome

No Brasil, 2,5% da população passou fome em 2017. Isso corresponde a 5,2 milhões de pessoas. O Brasil só saiu do mapa da fome em 2014, quando o índice de pessoas ingerindo menos calorias que o recomendado caiu para 3% da população. E, segundo o relatório Luz da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, realizado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil, o Brasil corre o risco de ser reinserido no mapa da ONU. Por que há tanta fome? Por que somos essencialmente infelizes? A resposta é simples, mas a solução é complexa. Somos essencialmente infelizes porque não somos livres. Livres, no sentido integral da palavra ‘liberdade’. Tudo o que somos nos foi imposto: o lugar onde nascemos, os nossos pais, o nosso nome, a nossa religião, a nossa cultura, os nossos ideais, as nossas crenças e até os nossos entretenimentos, como o time de futebol que vamos torcer quando crescer.

Fronteiras

Decidem por nós pelo que devemos chorar, pelo que devemos sorrir (e como sorrir). Incutem em nós que a felicidade está no que se pode conquistar materialmente e ai daqueles que, por ‘rebeldia’, não se encaixam nos moldes desta idiotia. Ora, eu seria feliz se pudesse ir trabalhar de bermuda e de chinelos. Por que não? Somos, sim, desde crianças autômatos controlados por outrem e, assim, somos servos voluntários de um consumismo cada vez mais capitalista e jamais, jamais dialético. Quando o homem se fez gente, infincou bandeiras e ergueu muros, como se tivesse o direito de fazê-lo por si só numa terra que naturalmente não lhe pertencia. Assim nasceram as fronteiras, as novas línguas, novas culturas e metodologias de existir… No entanto, todos os esses ‘novos’ mundos foram consolidados, e ainda são, sobre um sistema regido pela vaidade, pela sofisma, pela ganância, pelo bem supremo das classes dominantes(maioria) em detrimento de minorias: os trabalhadores, os que produzem toda a riqueza da Terra.

Consciência

Comungo com Carl Marx do conceito de felicidade. Como ser feliz em um mundo de injustiças sociais? Marx responde que é impossível. Como sermos plenamente felizes se não temos liberdade para coisa alguma? Se há muros cheios de placas de advertências indicando que não temos o direito de estar ali. Ora, por que não? Quem deu a esses seres o direito maior de serem donos de um patrimônio naturalmente pertencente a todos? A Terra é nossa. É todos, irmãos. E pessoa alguma, repito, pessoa alguma, tem dela o monopólio legal. A Leis que regulamentam o contrário, por quem foram instituídas e a quem, na prática, favorecem? Ora, não somos felizes e jamais seremos até que tenhamos a consciência de que nossa liberdade integral também é nosso direito e que por isso vamos exercê-la. Seremos livres quando ao invés de somente obedecermos as leis passarmos a ser membros participativos na criação delas. Então seremos livres para viver onde se bem quiser, livres para ter fé no que quiser, livres para amar quem se quiser, livres para ser quem realmente se é… Todos livres, libertos de todo tipo opressão: moral, social, psicológica, econômica, política, étnica, de gênero, de sexualidade. Enfim, livres. E logo, felizes.

Minorias

Não, eu não sou feliz. Uma vida ‘normal’ é superestimada. Algumas pessoas não são predestinadas à felicidade, mas à luta. Porque têm a vocação natural de acreditar que é impossível ser feliz de verdade num mundo onde a riqueza de poucos é fruto da exploração e opressão de tantos. Por isso eu só acredito no que eu sinto. Se eu sinto, faz sentindo. Logo eu só acredito na luta. É a luta que me dá sentido. É a luta que dá sentido à vida. A luta é a força toda poderosa que move o mundo e o transforma. Seremos felizes num mundo onde amos não existem, onde as leis são feitas para a equidade universal e os infratores são julgados por conselhos populares e não por juízes corruptíveis. Para que isso aconteça, só mesmo uma revolução. Os de baixo derrubando os de cima. Impossível, você pode pensar. Sim, a revolução é impossível, dizia Trotsky, até que se torne inevitável. E o que mais precisamos sofrer para que nós, as minorias exploradas,  enxergarmos que já tornou-se inevitável? Esta é somente a minha opinião e não a torno pública com a intenção de conversar as pessoas a pensarem como eu, mas sim, para dizer aquelas que comungam comigo desse pensamento, que elas não estão sozinhas. Clara Dawn é romancista, psicoterapeuta; palestrante com o tema: "Prevenção aos transtornos mentais e ao suicídio na adolescência". É editora-chefe no Portal Raízes (portalraizes.com).
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