De acordo com a Secretaria de Saúde do DF, no mês da campanha de prevenção ao câncer de mama, Outubro Rosa, a fila de espera para a realização de uma mamografia contava com 204 mulheres. Dessas, três estavam na classificação vermelha e 67 na amarela, que significam, respectivamente, emergência e urgência de atendimento.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília
Aos 39 anos, em um exame de rotina, a publicitária Eloisa Alves foi diagnosticada com câncer de mama. A confirmação da doença aconteceu em maio de 2020. Mesmo ano em que o Distrito Federal registrou 1.299 internações por câncer de mama na rede de saúde, uma média de três diagnósticos por dia. Com o resultado em mãos, ela conta que foi um momento de grande desespero e medo. Sem plano de saúde, a publicitária recorreu à rede pública de saúde e no Hospital de Base de Brasília deu início ao tratamento de radioterapia. Ela relata que, embora tenha sido acolhida pelos enfermeiros e médicos da unidade, os cuidados só foram possíveis devido à realização de exames na rede particular. – Eu tive sorte, porque mesmo sem plano de saúde, meu pai me ajudou a pagar os exames, que são muito caros – aponta. De acordo com a Secretaria de Saúde do DF, no mês da campanha de prevenção ao câncer de mama, Outubro Rosa, a fila de espera para a realização de uma mamografia contava com 204 mulheres. Dessas, três estavam na classificação vermelha e 67 na amarela, que significam, respectivamente, emergência e urgência de atendimento. Em 2021, até agosto, foram contabilizadas 853 internações por câncer de mama na rede de saúde do DF. A doença foi a causa do óbito de 256 pacientes em 2020, e 136 até setembro desse ano, o que representa uma morte a cada dois dias. Informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que o Distrito Federal tem uma taxa estimada de 34,66 casos de neoplasia maligna da mama feminina para cada 100 mil mulheres. O ginecologista e obstetra, Santiago França, ressalta que para reduzir a mortalidade do câncer de mama, primeira causa de morte por câncer na população feminina no Brasil, é necessário melhorar o acesso ao diagnóstico em até 60 dias, “desde a consulta na atenção básica, mamografia, ecografia, consulta médica especializada, biópsia e consulta médica para conclusão do diagnóstico”. – Em suma, há necessidade de implementação efetiva das linhas de cuidado na rede de atenção oncológica, com pactuação dos fluxos entre os serviços para agilizar o acesso integral às mulheres, assegurados pelo SUS. Em geral, as mulheres demoram a buscar atendimento de prevenção ao câncer de mama, seja por desconhecimento (promoção da saúde) ou morosidade do sistema atual – destaca. Para França, é indiscutível que o diagnóstico precoce associado ao tratamento adequado “é por vezes menos agressivo no estágio inicial, sendo benéfico ao paciente em sua qualidade de vida”, diz. Ele defende a promoção de campanhas por parte do Estado que possam evitar doenças ou reduzir agravos. No entanto, enfatiza a importância do “autoconhecimento de seu próprio corpo por parte da paciente, buscando ajuda especializada caso note qualquer sinal ou sintoma da doença”. O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular. “Mas há tumores de consistência branda, globosos e bem definidos”, explica o ginecologista. Outros sintomas são edema cutâneo “semelhante a casca de laranja”, dor, inversão do mamilo, vermelhidão, descamação ou ulceração do mamilo, e secreção papilar, principalmente unilateral e espontânea. Podem aparecer, ainda, linfonodos palpáveis na axila.