De acordo com o comunicado, Lula aventou a possibilidade de se reunir presencialmente com Trump durante encontro do bloco asiático Asean, na Malásia, no fim deste mês.
Por Redação – de Brasília
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por telefone nesta segunda-feira em tom amistoso por cerca de 30 minutos e concordaram em se reunir pessoalmente em breve, informou o Palácio do Planalto em nota nesta manhã.

De acordo com o comunicado, Lula aventou a possibilidade de se reunir presencialmente com Trump durante encontro do bloco asiático Asean, na Malásia, no fim deste mês, e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos; além de ter reiterado convite a Trump para participar da COP30 de Belém, em novembro.
A nota afirma ainda que Lula pediu a Trump a retirada da sobretarifa comercial de 40% imposta pelos EUA a vários produtos brasileiros; além das medidas restritivas aplicadas a autoridades brasileiras.
Telefones
O Planalto disse ainda que Trump designou o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, para negociar com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e com os titulares da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Os dois presidentes também decidiram trocar telefones para estabelecer uma via direta de comunicação, segundo a nota.
“O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda Fernando Haddad. Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos”, afirmou o Palácio do Planalto, no comunicado.
Ao argumentar pelo fim do tarifaço, Lula lembrou que o Brasil é um dos três únicos integrantes do G20 que mantêm déficit com os EUA na balança de bens e serviços —os outros são Reino Unido e Austrália.
Contato
Trata-se do primeiro contato desde a conversa de menos de um minuto entre os dois na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Trump disse em seu discurso, à época, que houve excelente química com Lula. O petista, por sua vez, afirmou em coletiva de imprensa que o republicano havia recebido informações erradas sobre o Brasil e que havia sido uma surpresa boa a referência de Trump à química entre eles.
O governo dos Estados Unidos impôs um tarifaço de 50% sobre uma série de produtos brasileiros, por ordem de Trump, com exceções para setores-chave, como o de aviação — nesse caso, sujeito a uma sobretaxa de 10%. Quando anunciou a imposição do tarifaço, Trump justificou a medida pelo o que considera uma caça às bruxas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado.
As sanções contra o Brasil —que incluíram punições financeiras ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, e a cassação de vistos de autoridades— foram impulsionadas pela atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se mudou para os Estados Unidos. Nas semanas anteriores à Assembleia-Geral da ONU, no entanto, o governo Lula recebeu sinais de Washington de que haveria disposição para uma conversa.
Um dos fatores que contribuíram para a mudança de avaliação nos EUA, segundo pessoas que acompanharam as discussões, foi o fato de que a pressão americana contra o Brasil não resultou na reabilitação política de Bolsonaro. Pelo contrário, o ex-presidente teve confirmada sua condenação por tentativa de golpe de Estado.