Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Lula quer reunião presencial com Trump, mas Itamaraty desaconselha

Lula busca reunião presencial com Trump, mas Itamaraty sugere diálogo remoto. Entenda as implicações dessa aproximação e os temas em pauta.

Segunda, 29 de Setembro de 2025 às 18:19, por: CdB

A aproximação entre os dois líderes começou com um cumprimento de apenas 30 segundos durante a Assembleia Geral da ONU, na semana passada, em Nova York.

Por Redação – de Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliou, nesta segunda-feira, que a reunião com o colega norte-americano, Donald Trump, poderá ocorrer presencialmente. A sinalização contrasta com a proposta inicial do Itamaraty, que sugere um diálogo remoto para evitar possíveis constrangimentos.

Lula quer reunião presencial com Trump, mas Itamaraty desaconselha | Lula não poupou críticas ao presidente Trump, sem citá-lo nominalmente
Lula não poupou críticas ao presidente Trump, sem citá-lo nominalmente

A aproximação entre os dois líderes começou com um cumprimento de apenas 30 segundos durante a Assembleia Geral da ONU, na semana passada, em Nova York.

— Eu brinco muito com a ‘Janjinha’ (primeira–dama, Rosângela da Silva) dizendo para ela que a Unesco já me deu uns dez prêmios de mulher mais bem casada do planeta Terra. E quando eu for conversar com Trump, eu vou levá-la. Eu quero que ele veja — disse Lula durante a abertura da 5ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, sinalizando que a reunião com Trump poderá acontecer de forma presencial.

 

Situação

A diplomacia brasileira, experiente que é, tem sugerido que o encontro ocorra por videoconferência ou ligação telefônica, lembrando episódios em que Trump expôs líderes estrangeiros a situações embaraçosas, como o ucraniano Volodymyr Zelensky e o sul-africano Cyril Ramaphosa, durante encontros na Casa Branca.

As tratativas preliminares para viabilizar o encontro estão em andamento. O governo brasileiro vê na aproximação uma oportunidade para rebater a “narrativa bolsonarista” que ainda circula em Washington, segundo a qual Lula teria um viés antagônico aos EUA. O Itamaraty deve conduzir as primeiras conversas diplomáticas em etapas, deixando um possível encontro presencial como última fase.

Nos bastidores, diplomatas brasileiros reconhecem que Trump é visto como uma figura política imprevisível. A estratégia, portanto, é escalar embaixadores experientes para uma sequência de contatos de alto nível, garantindo segurança ao diálogo. Apenas depois desse processo amadurecido Lula estaria disposto a se reunir com o republicano.

 

Convergências

Entre os cenários discutidos, está a hipótese de reunião em território neutro, como a Malásia, que sediará em outubro a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Antes, porém, assessores aconselham que os dois líderes conversem por telefone, como forma de medir convergências e evitar embates desnecessários.

O Planalto avalia que não se pode “baixar a guarda” após os episódios em que Trump mudou radicalmente de posição. Nesse contexto, a diplomacia quer garantir que Lula não seja exposto a gestos hostis. A eventual reunião somente ocorrerá se houver segurança política e diplomática para preservar a imagem do líder brasileiro.

 

Data centers

Um dos principais temas da agenda será a regulação das big techs. O governo brasileiro pretende destacar que a discussão sobre segurança digital e combate a crimes virtuais ocorre há anos no Congresso, sem qualquer intenção de prejudicar empresas norte-americanas.

Além disso, Lula deve reforçar que o Brasil está aberto à instalação de data centers internacionais e busca parcerias em minerais críticos e terras raras, desde que fortaleçam o desenvolvimento nacional.

Edições digital e impressa