A aproximação entre os dois líderes começou com um cumprimento de apenas 30 segundos durante a Assembleia Geral da ONU, na semana passada, em Nova York.
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliou, nesta segunda-feira, que a reunião com o colega norte-americano, Donald Trump, poderá ocorrer presencialmente. A sinalização contrasta com a proposta inicial do Itamaraty, que sugere um diálogo remoto para evitar possíveis constrangimentos.

A aproximação entre os dois líderes começou com um cumprimento de apenas 30 segundos durante a Assembleia Geral da ONU, na semana passada, em Nova York.
— Eu brinco muito com a ‘Janjinha’ (primeira–dama, Rosângela da Silva) dizendo para ela que a Unesco já me deu uns dez prêmios de mulher mais bem casada do planeta Terra. E quando eu for conversar com Trump, eu vou levá-la. Eu quero que ele veja — disse Lula durante a abertura da 5ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, sinalizando que a reunião com Trump poderá acontecer de forma presencial.
Situação
A diplomacia brasileira, experiente que é, tem sugerido que o encontro ocorra por videoconferência ou ligação telefônica, lembrando episódios em que Trump expôs líderes estrangeiros a situações embaraçosas, como o ucraniano Volodymyr Zelensky e o sul-africano Cyril Ramaphosa, durante encontros na Casa Branca.
As tratativas preliminares para viabilizar o encontro estão em andamento. O governo brasileiro vê na aproximação uma oportunidade para rebater a “narrativa bolsonarista” que ainda circula em Washington, segundo a qual Lula teria um viés antagônico aos EUA. O Itamaraty deve conduzir as primeiras conversas diplomáticas em etapas, deixando um possível encontro presencial como última fase.
Nos bastidores, diplomatas brasileiros reconhecem que Trump é visto como uma figura política imprevisível. A estratégia, portanto, é escalar embaixadores experientes para uma sequência de contatos de alto nível, garantindo segurança ao diálogo. Apenas depois desse processo amadurecido Lula estaria disposto a se reunir com o republicano.
Convergências
Entre os cenários discutidos, está a hipótese de reunião em território neutro, como a Malásia, que sediará em outubro a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Antes, porém, assessores aconselham que os dois líderes conversem por telefone, como forma de medir convergências e evitar embates desnecessários.
O Planalto avalia que não se pode “baixar a guarda” após os episódios em que Trump mudou radicalmente de posição. Nesse contexto, a diplomacia quer garantir que Lula não seja exposto a gestos hostis. A eventual reunião somente ocorrerá se houver segurança política e diplomática para preservar a imagem do líder brasileiro.
Data centers
Um dos principais temas da agenda será a regulação das big techs. O governo brasileiro pretende destacar que a discussão sobre segurança digital e combate a crimes virtuais ocorre há anos no Congresso, sem qualquer intenção de prejudicar empresas norte-americanas.
Além disso, Lula deve reforçar que o Brasil está aberto à instalação de data centers internacionais e busca parcerias em minerais críticos e terras raras, desde que fortaleçam o desenvolvimento nacional.