Lula fez duras críticas à resistência de setores da elite econômica à cobrança de impostos mais justos em favor dos programas sociais do governo.
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa, nesta terça-feira, da proposta do governo de isentar do imposto de renda os trabalhadores que recebem até R$ 5 mil por mês, com aumento de cobrança sobre os mais ricos, dizendo que o Brasil precisa de uma política tributária mais justa.

— A gente tem que diminuir os privilégios de alguns para dar um pouco de direito dos outros. O que estamos tentando fazer é dar a esse país a cara do que precisa para ser um país desenvolvido — disse Lula em discurso durante cerimônia para lançamento do Plano Safra 2025/2026.
Lula fez duras críticas à resistência de setores da elite econômica à cobrança de impostos mais justos em favor dos programas sociais do governo. Visivelmente emocionado, Lula rejeitou as acusações de populismo e reafirmou o compromisso de sua gestão com a responsabilidade fiscal aliada à justiça social.
Fortunas
O presidente reagiu à oposição de grupos que têm se mobilizado contra a proposta de tributação de grandes fortunas e rendas elevadas.
— Quando a gente coloca que as pessoas que ganham mais de R$ 1 milhão têm que pagar um pouquinho mais, há uma rebelião. Estamos querendo que 140 mil pessoas paguem uma parcelinha a mais para beneficiar 10 milhões de pessoas. É tão pouco… — ponderou.
Em seu discurso, Lula destacou o contraste entre a fortuna de poucos e a necessidade de muitos, classificando a resistência a uma política fiscal mais equitativa como uma questão de ganância.
— Todo mundo é muito bem informado, letrado. Só pode ser ganância, a desgraça da doença da acumulação de riqueza — criticou, ao denunciar a lógica concentradora que, segundo ele, ainda predomina nas decisões econômicas do país.
Benefícios
O presidente fez questão de frisar que sua proposta de reforma tributária, que começa a vigorar apenas em 2027, não trará dividendos eleitorais imediatos.
— Vocês acham que eu ia fazer reforma tributária que não vai trazer nenhum benefício para nenhum eleitor até 2026? Os benefícios serão todos para 2027. O que estamos tentando fazer é dar a esse país a cara que ele precisa para chegar a fazer parte do mundo desenvolvido — prometeu.
Ao abordar os ataques aos programas sociais, Lula elevou o tom e demonstrou indignação. E citou os programas sociais como iniciativas fundamentais para promover cidadania.
— Fico triste quando vejo as pessoas jogarem a culpa em cima dos doentes, do BPC, do Bolsa Família, do Pé-de-Meia, para garantir que 500 mil moleques que desistiam da escola para trabalhar não desistam — argumentou.
Em seguida, fez um apelo direto:
— Pelo amor de Deus, não desistam. Voltem a estudar, p…! Esse dinheiro que estão recebendo será devolvido em dobro para o Estado quando vocês estiverem formados como cidadãos de primeira classe nesse país — encerrou.