Segundo o presidente, o esforço para equilibrar as contas precisa ser dos Três Poderes.
Por Redação – de Brasília
Sem revelar o motivo porque ainda não fechou o pacote de corte de gastos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o custo do ajuste nas contas não poderá recair apenas sobre as pessoas mais necessitadas. O líder petista questionou se parlamentares e magistrados também estariam dispostos a cortar os recursos de suas emendas ao Orçamento e dos super salários para contribuir com o ajuste fiscal, ao criticar os “excessos” do Judiciário.
— Nós não podemos mais jogar, toda vez que você tem que cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas. Eu quero saber o seguinte, se eu fizer um corte de gastos pra diminuir a capacidade de investimento do Orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir? — questionou.
Mercado
Segundo o presidente, o esforço para equilibrar as contas precisa ser dos Três Poderes.
— É uma responsabilidade do Poder Executivo, mas também é uma responsabilidade do Poder Judiciário. Eu quero saber se (os magistrados) estão dispostos a abdicar daquilo que é excessivo, eu quero saber se o Congresso está disposto também a fazer o corte de gastos. Porque aí fica uma parceria, um cumplicidade para que todo mundo faça o sacrifício necessário para a gente colocar a economia em ordem — acrescentou.
Na entrevista gravada no canal de TV aberta Rede TV!, que foi ao ar na noite passada, Lula também adiantou que vencerá o mercado financeiro mais vez após cobrar a participação dos Poderes Legislativo e Judiciário nas medidas de contenção de gastos para ajustar as contas públicas do país.
Contenção
Lula não poupou críticas aos investidores, ao afirmar que atuam com “gana especulativa” e “com uma certa hipocrisia”.
— Eu vejo o mercado falar bobagem todo o dia. Sabe, eu não acredito nisso não, porque eu venci eles uma vez e vou vencer outra vez. A economia vai dar certo porque o povo está participando do crescimento desse país — pontuou Lula.
O presidente, no entanto, preferiu não adiantar as medidas de contenção de gastos que têm sido discutidas ao longo das últimas semanas com a equipe econômica e ministros de seu governo e cujo anúncio vem sendo aguardado com grande ansiedade pelo mercado financeiro.
— Eu não posso adiantar porque a gente ainda não concluiu o pacote. Eu estou num processo de discussão muito sério com o governo, porque eu conheço bem o discurso do mercado, conheço a gana especulativa do mercado e eu às vezes acho que o mercado age com uma certa hipocrisia — resumiu o presidente.