Meloni, no cargo de primeira-ministra desde outubro do ano passado, lidera o primeiro governo de ultradireita italiano desde o fim da Segunda Guerra; além de ser a primeira mulher a ocupar o cargo.
Por Redação, com agências internacionais - de Roma
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, têm um encontro marcado na tarde desta quarta-feira, na capital italiana, como parte oficial da viagem à Europa. A reunião foi confirmada logo após a chegada de Lula, que irá se encontrar também com o presidente italiano, Sergio Mattarella; o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, e o papa Francisco, no Vaticano.
Meloni, no cargo de primeira-ministra desde outubro do ano passado, lidera o primeiro governo de ultradireita italiano desde o fim da Segunda Guerra; além de ser a primeira mulher a ocupar o cargo. Negociadores dos governos brasileiro e italiano alimentavam o receio de que a ausência de um encontro com Meloni pudesse publicizar a imagem de que diferenças ideológicas entre os dois líderes seriam um empecilho para o diálogo de alto nível entre Estados.
De acordo com o Itamaraty, Lula e o presidente Mattarella tratarão de temas como cooperação na área de Defesa, especialmente na transferência de tecnologia, e do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul. O italiano também oferecerá um almoço a Lula e à primeira-dama, Rosângela da Silva.
De Masi
Já o encontro com o prefeito Gualtieri será de natureza pessoal. O líder de Roma chegou a visitar Lula quando ele esteve preso em Curitiba, entre 2018 e 2019, no âmbito da ‘Operação Lava Jato’. À época, em julho de 2018, Gualtieri exercia mandato como eurodeputado.
O presidente, na reunião com o papa Francisco, por sua vez, terá como principal tema em discussão a Guerra da Ucrânia; além de política para a redução das desigualdades sociais e para o combate à fome.
Ainda na Itália, além das autoridades, Lula teve nesta terça-feira um encontro com o sociólogo Domenico de Masi, autor de livros como "O Ócio Criativo" e "A Felicidade Negada". No Twitter, o presidente compartilhou uma foto com ele, a quem chamou de amigo, e disse que conversaram sobre o cenário político no Brasil e na Europa.
O sociólogo italiano foi outra personalidade que também visitou Lula na prisão em Curitiba, no caso dele em 2019. Depois, os dois ainda se encontraram quando Lula esteve em Roma em 2020.
Lula viaja, em seguida, a Paris. No Palácio Eliseu, onde encontrará o presidente francês, Emmanuel Macron, o líder brasileiro conversará sobre os acordos entre a União Europeia e o Mercosul. Diplomatas do Itamaraty ainda avaliam possíveis reuniões bilaterais com o premiê do Haiti, Ariel Henry, e o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, na capital francesa.
Vetos
Antes de embarcar para a Europa, o presidente Lula vetou algumas mudanças aprovadas pelo Congresso na Medida Provisória (MP) que estruturou a Esplanada e devolveu atribuições aos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e do Meio Ambiente, Marina Silva. O chefe do Executivo reverteu, ainda, a transferência das atividades de inteligência do Executivo federal da Casa Civil para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
O movimento dos parlamentares de transferir a responsabilidade de "coordenar as atividades de inteligência federal" para o GSI havia sido vista pelo Palácio do Planalto como um recado de insatisfação com o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Lula também vetou o dispositivo aprovado pelo Congresso que transferia a Política Nacional de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente para o Ministério de Integração e do Desenvolvimento Regional.
A mudança fora aprovada com apoio do chamado ‘Centrão’ e da bancada ruralista para esvaziar Marina Silva, vista como entrave para implementação de políticas para o agronegócio.