Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Lula convoca ministro da Defesa e comandantes ao Planalto

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Segunda, 20 de Março de 2023 às 14:48, por: CdB

A reunião é, na realidade, um passo decisivo na aproximação do presidente aos militares, após a turbulência causada pelo golpe fracassado em 8 de Janeiro, levado a termo por seguidores do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL).


Por Redação - de Brasília

Antes de viajar à China, o que o deixará longe do país ao menos durante uma semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou nesta segunda-feira o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes das Forças Armadas: general Tomás Paiva (Exército), almirante Marcos Olsen (Marinha) e tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Damasceno (Aeronáutica) para um encontro, no Palácio do Planalto. A decisão visa colocar um ponto final nas manifestações da caserna, contrárias ao resultado das eleições.

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), passa em revista às tropas da Marinha


A reunião é, na realidade, um passo decisivo na aproximação do presidente aos militares, após a turbulência causada pelo golpe fracassado em 8 de Janeiro, levado a termo por seguidores do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL). Na última quarta-feira, Lula reuniu-se com Múcio e o comandante da Marinha, quando passou a tropa em revista.

No dia seguinte, o tenente-brigadeiro Joseli Parente Camelo tomou posse na Presidência do Superior Tribunal Militar (STM) com um discurso pacificador. O objetivo é deixar para trás a politização das Forças Armadas patrocinada por Bolsonaro. O ex-presidente construiu um discurso hostil à democracia com o objetivo de dividir os militares, o que em parte conseguiu.

Confiabilidade


Ao escolher José Múcio para o ministério da Defesa em dezembro, considerado um negociador e um nome palatável para a caserna, o presidente sinalizava essa intenção. Para Lula, apesar da divisão, o restabelecimento do papel constitucional das Forças Armadas é também caminho para resgatar-lhes a confiabilidade junto à sociedade.

O novo presidente do STM, tenente brigadeiro do ar Francisco Joseli Parente Camelo, é considerado uma ponte entre os militares e Lula. Na posse, ele demonstrou que também é um interlocutor em busca de pacificação.

— Tenho convicção, presidente, que seu maior desafio será pacificar o Brasil — disse Camelo, dirigindo-se a Lula.

Em entrevistas à mídia conservadora, no dia da posse, Camelo saiu em defesa da tese de que a Corte deve julgar apenas crimes militares, relacionados às atividades na caserna, e não crimes cometidos por militares. Ou seja, separa o militar do cidadão comum.

Mais recursos


Outro fator decisivo no relacionamento com os quartéis, segundo observadores próximos à caserna, são as propostas do governo de aumentar os investimentos nas Forças Armadas, incluindo a alternativa de Parcerias Público-Privadas (PPPs).

As propostas de ampliação do arsenal brasileiro estão incluídas no processo de reindustrialização do país, que depende do fortalecimento da indústria do petróleo, mas também do chamado conteúdo local. Ou seja, a política de valorização de matéria-prima e mão de obra brasileiras na construção de plataformas, navios, sondas e refinarias; além da indústria bélica.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin, tem conversado com setores da indústria para aferir o nível de interesse para o setor. E com os petroleiros, consta na agenda o “esforço” do ministério para criar um grupo de trabalho para debater a reconstrução da indústria naval, segundo a  Federação Única dos Petroleiros (FUP), o que inclui os projetos da Marinha.

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