Lula embarcou para a Etiópia na noite passada, depois de deixar o Cairo, capital do Egito, onde, mais cedo, esteve com o presidente do país, Abdel Fattah Al-Sisi. Egito e Etiópia estão entre os cinco países que confirmaram entrada no BRICS este ano.
Por Redação, com ABr - de Adis Abeba
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou, nesta sexta-feira, na capital etíope, para reuniões bilaterais com o primeiro-ministro do país africano, Abiy Ahmed. A agenda prevê ainda a participação de Lula na 37ª Cúpula da União Africana, que acontece entre sábado e domingo.
Lula embarcou para a Etiópia na noite passada, depois de deixar o Cairo, capital do Egito, onde, mais cedo, esteve com o presidente do país, Abdel Fattah Al-Sisi. Egito e Etiópia estão entre os cinco países que confirmaram entrada no BRICS este ano.
Lula e Ahmed devem discutir temas como a cooperação para o desenvolvimento e a promoção do comércio. Em 2023, o intercâmbio comercial entre os países somou US$ 23,8 milhões (cerca de R$ 120 milhões), e o governo entende que é há um "amplo potencial de crescimento dos fluxos". A aproximação foi ampliada já em dezembro do ano passado, quando uma comitiva empresarial brasileira passou pelo país.
União Africana
A agenda de Lula na capital etíope prevê ainda a participação, nesta sexta-feira, no seminário ‘Financiamento climático para a agricultura e segurança alimentar: implementação da Declaração de Nairóbi e resultados da COP28’. A Declaração citada é a base para uma posição comum dos países africanos sobre a promoção do uso sustentável dos recursos naturais.
O presidente brasileiro participa na condição de convidado - um dos poucos chefes de Estado de fora do continente - da Cúpula da União Africana. O governo pretende agendar reuniões bilaterais com chefes de Estado de alguns dos países que estarão representados no encontro. Um dos objetivos é garantir apoio dos países do continente para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
A União Africana estreia este ano como integrante efetivo do G20. A entrada foi confirmada na última reunião do grupo, ano passado, na Índia, e teve apoio do Brasil. Além de Lula e dos líderes dos países do continente, o evento deve contar com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas; e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Liga Árabe
Em um dos últimos compromissos antes de deixar o Egito, na véspera, Lula discursou durante sessão extraordinária dos países da Liga dos Estados Árabes. No encontro, ele voltou a defender o reconhecimento da autonomia do povo palestino e do território do país para garantia de um futuro digno para a população local.
— A posição do Brasil é clara. Não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como capital. A decisão sobre a existência de um Estado palestino independente foi tomada há 75 anos pelas Nações Unidas. Não há desculpas para impedir o ingresso da Palestina na ONU como membro pleno. A retomada das negociações de paz é uma causa universal. E é a nossa causa — afirmou Lula.
Dívidas
Em sua viagem à África, Lula objetiva discutir um plano de renegociação de dívidas que as nações africanas mantêm com o Brasil. Atualmente, nove países do continente têm pendências que somam US$ 280 milhões (R$ 1,3 bilhão). O governo brasileiro espera que esses planos sejam concretizados no segundo semestre, antes da cúpula do G20 no Brasil, em novembro.
Moçambique lidera a lista como o país africano com a maior dívida com o Brasil, totalizando US$ 143 milhões (R$ 604 milhões), provenientes de empréstimos concedidos pelo BNDES para obras em aeroportos. A Mauritânia e Guiné-Bissau aparecem em seguida, com dívidas de US$ 48 milhões e US$ 25 milhões, respectivamente.