Presidente de Belarus afirma que Yevgeny Prigozhin não está mais no território do país, onde teria desembarcado após acordo para encerrar motim contra a liderança militar russa.
Por Redação, com DW - de Moscou
O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, que no mês passado mediou um acordo para acabar com um motim do Grupo Wagner na Rússia, afirmou nesta quinta-feira que o líder da empresa militar privada, Yevgeny Prigozhin, não se encontra mais em território belarusso e retornou ao país vizinho.
Na semana passada, Lukashenko havia dito que o chefe do Grupo Wagner, cujos combatentes capturaram brevemente a cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, e marcharam em direção a Moscou, havia chegado a Belarus como parte do acordo que encerrou o motim.
Prigozhin iniciou a rebelião contra a liderança militar russa em 23 de junho, no que foi o maior desafio ao governo do presidente Vladimir Putin em suas mais de duas décadas no poder. Cerca de 24 horas depois, o Kremlin afirmou que a crise havia sido resolvida graças à mediação de Lukashenko e que Prigozhin partiria para Belarus.
Nesta terça, o presidente belarusso afirmou a repórteres que Prigozhin agora se encontra ou em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia, ou em Moscou. "Ele não está no território de Belarus", declarou.
Segundo à agência inglesa de notícias Reuters, um jato particular ligado a Prigozhin deixou São Petersburgo com direção a Moscou na quarta-feira e partiu rumo ao sul da Rússia nesta quinta, mas ainda não está claro se o líder do Grupo Wagner estava a bordo. O Kremlin se recusou a comentar sobre a localização ou os movimentos de Prigozhin desde o motim.
Acordo incerto
Lukashenko disse que o Grupo Wagner ainda não estabeleceu uma base em Belarus, mas que segue de pé a oferta para que combatentes que participaram do motim sejam estacionados no país. Segundo ele, a questão da realocação para Belarus dependeria de decisões da Rússia e do próprio Grupo Wagner.
Lukashenko afirmou que as tropas lideradas por Prigozhin seguem em seus campos, cuja localização ele não especificou. Antes da rebelião, o Grupo Wagner combatia junto às forças russas no leste da Ucrânia.
Os comentários do líder belarusso indicam quão incertos são os termos e a implementação do acordo que encerrou o motim dos combatentes liderados por Prigozhin, que, segundo Putin poderia ter mergulhado a Rússia numa guerra civil.
"Prigozhin é absolutamente livre"
Na quarta-feira, a televisão estatal russa lançou ataques a Prigozhin e afirmou que uma investigação sobre o motim segue em curso. Foram exibidas imagens da polícia entrando na residência do líder paramilitar, uma luxuosa mansão. Desde o motim, negócios de Prigozhin no país foram alvo de operações de busca ou fechados.
As imagens mostraram um esconderijo de armas, barras de ouro, maços de dólares e uma coleção de perucas e de marretas, que pertenceriam a Prigozhin. Haveria também uma coleção de selfies do chefe do Grupo Wagner usando as perucas e uniformes estrangeiros.
Nesta quinta, Lukashenko afirmou ter concordado em se reunir com Putin para discutir a situação do líder do Grupo Wagner. Prigozhin é "absolutamente livre", e Putin não irá "eliminá-lo", disse o presidente belarusso.
Lukashenko também afirmou não ver uma eventual presença de tropas do Grupo Wagner como uma ameaça a Belarus.