Para o economista Sérgio Mendonça, diretor do site Reconta aí, o resultado positivo do PIB no início do ano deve ser o melhor de 2022. Segundo ele, o aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic, deve comprometer investimentos e consumo daqui por diante. O PIB é a soma de toda riqueza produzida por uma nação.
Por Redação, com BdF - do Rio de Janeiro
A economia brasileira cresceu 1% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o último trimestre do ano passado. A alta foi apontada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Apesar de tímido, o avanço do primeiro trimestre deve ser o maior do ano, segundo economistas.
O economista Marcio Pochmann concorda que o PIB deste ano está pressionado pela inflação e os altos juros
O PIB é a soma de toda riqueza produzida por uma nação durante um determinado período. Nos três primeiros meses deste ano, o Brasil produziu R$ 2,249 trilhões. O valor é 1,7% maior do que o registrado no primeiro trimestre de 2021.
Levando em conta resultados trimestrais, essa é a terceira vez consecutiva em que o PIB brasileiro cresce. A última vez que a economia brasileira encolheu foi no segundo trimestre de 2021 – queda de 0,2% em relação ao primeiro trimestre do mesmo ano.
Estagnação
No início de 2022, o setor de serviços foi o que mais colaborou para o crescimento. Sozinho, ele representa 70% da economia do país, e cresceu 1%. O setor agropecuário, que havia crescido 6% no final de 2021, encolheu 0,9% nos primeiros meses de 2022. Já a indústria cresceu 0,1%, ou seja, praticamente uma estagnação. Nos três trimestres anteriores, o setor havia registrado queda na atividade.
Para Sérgio Mendonça, economista e diretor do site Reconta aí, o resultado positivo do PIB no início do ano deve ser o melhor de 2022. Segundo ele, o aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic, deve comprometer investimentos e consumo daqui por diante.
Hoje, a Selic em 12,75% ao ano, mas ela deve subir por conta da inflação.
— A taxa básica de juros básica ainda fará um estrago no crédito pessoal e de micro e pequenas empresas. E a inflação corroendo salários e rendimentos em geral completará o serviço impedindo o crescimento da demanda agregada — prevê.
Juros
O economista Pedro Mattos também prevê piora na atividade econômica por conta dos juros. Ele ressaltou que o IBGE já registrou queda de 3,5% nos investimentos neste ano. Para Mattos, isso deve cair ainda mais.
— Além do aumento dos juros, há uma restrição das importações por conta da pandemia seguida pela guerra. Isso também tem impacto no investimento por conta da nossa dependência tecnológica — explicou.
O economista e professor Marcio Pochmann afirmou que os números revelados pelo IBGE apontam o fracasso da política econômica do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) para sustentar a recuperação da atividade após a pandemia.
— O desempenho demonstra a desaceleração do sistema produtivo, a qual é acompanhada pelo aumento dos preços. O Banco Central reage aumentando juros e isso tende a acarretar num desempenho deplorável da economia — concluiu Pochmann.