Ainda na capital francesa, após a premiação, Lula concedeu entrevista coletiva e defendeu a recuperação da confiança internacional no Brasil, hoje destruída pelo atual governo do mandatário neofascista Jair Bolsonaro. Para Lula, o país precisa voltar a participar das decisões políticas internacionais no âmbito da construção de uma nova governança global.
Por Redação, com agências internacionais - de Paris
O ex-presidente Lula recebeu, nesta quarta-feira, o prêmio “Coragem Política 2021”, concedido pela revista Politique Internacionale. Como resultado de um governo que tirou, entre 2003 e 2011, 30 milhões de brasileiros da linha da pobreza, Lula foi agraciado com o prêmio por “uma obra marcada pelo desejo de promover a igualdade racial e social em seu país”.
A revista francesa, especializada em política externa, também destacou a resiliência de Lula diante da perseguição política e judicial da qual foi vítima, “esforços recompensados com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular as suas condenações”. A publicação apontou ainda que Lula “volta a encarnar a esperança aos olhos de uma grande maioria dos seus compatriotas, decepcionados com a gestão de Bolsonaro”.
Ainda na capital francesa, após a premiação, Lula concedeu entrevista coletiva e defendeu a recuperação da confiança internacional no Brasil, hoje destruída pelo atual governo. Para Lula, o país precisa voltar a participar das decisões políticas internacionais no âmbito da construção de uma nova governança global.
— Estou procurando o restabelecimento da credibilidade que o Brasil já teve junto ao mundo. Viajo para conversar com governantes da Europa, políticos, com a imprensa, para mostrar que o Brasil é infinitamente melhor do que o atual governo, que o povo é melhor, é democrático, generoso, não é essa ignorância que governa hoje — afirmou o líder popular.
Alckmin
No início da semana, durante visita à Bélgica, Lula também conversou com jornalistas e disse que não lhe faltam opções para a Vice-Presidência da República, caso sua chapa seja vitoriosa em 2022. Quanto à possibilidade de Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, ser candidato a vice em sua chapa para as eleições presidenciais de 2022, Lula foi diplomático.
— Eu não estou discutindo vice ainda porque não discuti a minha candidatura. Quando eu decidir aí eu vou sair a campo para encontrar alguém para ser vice — disse o petista, que lidera as intenções de voto, em todos os institutos de pesquisa. De acordo com estudos, o favoritismo é tamanho que ele pode até mesmo ganhar a eleição no primeiro turno.
Lula não negou, todavia, que Alckmin pode ser escolhido para ocupar o posto. Na mesma entrevista, elogiou o ex-governador paulista:
— Eu tenho uma extraordinária relação de respeito com Alckmin, eu fui presidente quando ele foi governador, nós conversamos muito. Não há nada que aconteceu entre mim e Alckmin que não possa ser reconciliado — acrescentou.
Dirceu
A aproximação com Alckmin, no entanto, depende da concretização de sua saída do PSDB e filiação ao PSB, partido ao qual foi convidado pelo aliado Márcio França. Alckmin também pode ingressar no PSD, a convite de Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo. Neste caso, o apoio a Lula no primeiro turno é mais complicado, uma vez que a sigla pretende, ao menos publicamente, lançar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ao Palácio do Planalto.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, por sua vez, condiciona o apoio a Lula na disputa presidencial ao apoio do PT a candidatos da sigla em estados que considera importantes, como São Paulo, onde Márcio França reúne forças na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. O petista Fernando Haddad também é pré-candidato ao cargo.
Já o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu minimizou a possibilidade de Alckmin ser o escolhido. Segundo ele, Lula "está mais para ter um vice leal e de confiança", fazendo referência à opção por alguém mais próximo politicamente.
Pontes
Ele disse que o PT "não precisa desapegar" da ideia de escolher uma mulher para ocupar o cargo.
— O Lula não quer decidir isso agora. Ele está mais para ter um vice leal e de confiança. Por que não uma mulher? Por que não uma vice que represente as mulheres brasileiras? As mulheres estão lutando por sobrevivência, direitos e enfrentam o dia-a-dia com tantas dificuldades. (…) Por que não uma mulher jovem e negra? Não precisamos nos desapegar dessa questão — afirmou Dirceu, em entrevista ao site de notícias Brasil de Fato (BdF).
A posição de Zé Dirceu, contudo, não é unânime na direção do partido. O presidente do PT paulista, Luiz Marinho, disse ver com bons olhos a união com Alckmin na chapa presidencial.
— O momento é de conversas, diálogo, construções de pontes. Para o primeiro e o segundo turnos. Assim é a política. Sabemos identificar quem são nossos adversários para a retomada do Brasil da esperança — resumiu o ex-prefeito de São Bernardo do Campo, em entrevista.