Um tribunal federal condenou a vice-presidente nesta terça-feira a seis anos de prisão e a uma inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos pelo crime de administração fraudulenta de fundos públicos, mas absolveu-a das acusações de associação ilícita.
Por Redação, com EFE - de Buenos Aires
A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou que a condenação a seis anos de prisão que lhe foi imposta por um tribunal nesta terça-feira tem origem em uma “máfia judicial paraestatal” e reiterou sua inocência neste processo que apurou irregularidades na concessão de obras rodoviárias.
Em uma mensagem por vídeo transmitida de seu gabinete no Senado, minutos após o anúncio do veredito, Cristina voltou a afirmar que a sentença contra ela, da qual confirmou que recorrerá, “já estava escrita”.
– A ideia era me condenar, como finalmente fizeram – declarou a ex-presidente, que governou a Argentina entre 2007 e 2015.
Um tribunal federal condenou a vice-presidente nesta terça-feira a seis anos de prisão e a uma inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos pelo crime de administração fraudulenta de fundos públicos, mas absolveu-a das acusações de associação ilícita.
Na mensagem após o veredito, Cristina negou ser responsável por fraudar a Administração Pública porque, como presidente, não tinha controle sobre as leis orçamentárias, que incluíam as obras públicas objeto deste julgamento, nem administrava ou executava esses orçamentos, uma responsabilidade do chefe do Gabinete de Ministros.
A vice-presidente garantiu que nenhuma das acusações feitas pelos procuradores que participaram deste julgamento é verdadeira e acrescentou que, mais do que ‘lawfare’ (assédio judicial), tem sido alvo de uma “máfia”.
– Isto é um Estado paralelo e máfia, máfia judicial, e a confirmação da existência de um sistema paraestatal, onde se tomam decisões sobre a vida, o patrimônio e a liberdade de todos os argentinos – afirmou.
Após condenação, Cristina afirma: “Não vou ser candidata a nada”
vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, declarou nesta terça-feira que não será “candidata a nada” nas eleições de 2023, depois que sua sentença de seis anos de prisão e inabilitação perpétua para cargos públicos foi anunciada em um julgamento por corrupção durante os governos Kirchner (2003-2015).
– Não vou ser candidata a nada, nem a presidente, nem a senadora. Meu nome não estará em nenhuma cédula. Termino em 10 de dezembro e volto, como fiz em 10 de dezembro de 2015 (quando começou o governo de Mauricio Macri), para minha casa, para a mesma casa de onde saí em 25 de maio de 2003 para acompanhar meu então companheiro – afirmou Cristina, em referência ao falecido Néstor Kirchner (2003-2007).
A vice-presidente postou uma mensagem de vídeo gravada de seu gabinete no Senado, minutos depois de conhecida a sentença, na qual, após atribuir sua sentença a uma “máfia judicial paraestatal”, concluiu com a mais inesperada notícia política, ao se distanciar da corrida eleitoral para 2023, apesar da expectativa gerada nos últimos meses.
– Não vou submeter a força política que me deu a honra de ser presidente por duas vezes e vice-presidente uma vez a ser maltratada durante o período eleitoral – explicou Cristina, sobre seu motivo para não concorrer às eleições de 2023.
A ex-presidente lembrou ainda que, além de seus dois mandatos (2007-2015) e do falecido marido, também contribuiu “para a vitória de 2019, quando ninguém dava dois pesos para o peronismo”.
– É isso que estão me cobrando e por isso me inabilitam – comentou.
Cristina Kirchner foi condenada nesta terça-feira a seis anos de prisão por irregularidades na concessão de obras rodoviárias durante os governos kirchneristas (que englobam o período 2003-2015).
No julgamento, que começou em maio de 2019 e foi realizado pelo Tribunal Oral Federal 2, em Buenos Aires, Cristina também foi condenada a proibição perpétua de exercer cargos públicos.
Os juízes consideraram Cristina culpada do crime de administração fraudulenta de fundos públicos, mas absolveram-na das acusações de associação ilícita.
A pena fixada para a vice-presidente na chamada “Causa Vialidad” é inferior à pena de prisão de 12 anos que o Ministério Público havia solicitado no último mês de agosto nas alegações finais deste processo.
O tribunal também ordenou o confisco dos bens do crime, que consistem em uma quantia de 84,835 bilhões de pesos (cerca de R$ 2,523 bilhões).