Indiciados em outubro de 2023, os nove oficiais foram acusados de crimes de privação ilegal da liberdade, abuso de poder e agressão qualificada por terem detido as vítimas sem mandado judicial e as terem submetido a tratamento cruel.
Por Redação, com Lusa – de Montevidéu
Nove militares na reserva foram nesta terça-feira condenados no Uruguai a penas de prisão que variam entre 11 anos e 15 anos pela detenção e tortura de um grupo de pessoas na reta final da última ditadura.

Indiciados em outubro de 2023, os nove oficiais foram acusados de crimes de privação ilegal da liberdade, abuso de poder e agressão qualificada por terem detido as vítimas sem mandado judicial e as terem submetido a tratamento cruel.
Os oficiais militares reformados foram condenados hoje a penas de prisão que variam entre 11 anos e 15 anos e meio no julgamento conhecido como “Caso Roslik”.
Em 29 de abril de 1980, as Forças Armadas uruguaias realizaram uma grande operação na cidade de San Javier, durante a qual um grupo de homens, incluindo o médico Vladimir Roslik, foi raptado e torturado.
Roslik foi libertado em julho desse ano, mas permaneceu sob vigilância e ameaças.
Na madrugada de 15 de abril de 1984, Roslik foi novamente raptado em outra operação militar e, juntamente com outras pessoas, foi levado para ao 9.º Batalhão de Infantaria da cidade de Fray Bentos, onde foi torturado.
Roslik morreu no dia seguinte em consequência da tortura, e o seu caso é conhecido – entre outras razões – por ser o da última pessoa morta durante a última ditadura cívico-militar do Uruguai, entre 1973 a 1985.
Além disso, a morte de Roslik não pode ser imputada porque um tribunal de recurso decidiu que a questão já tinha sido julgada.
No entanto, o Ministério Público foi autorizado a investigar todos os acontecimentos ocorridos nesse período (1984) em relação a outras vítimas e à operação de 1980.
Perseguição da colônia de San Javier
Tudo isto está relacionado com a perseguição da colônia de San Javier, localizada no departamento (província) de Rio Negro e reconhecida como a principal comunidade russa no Uruguai.
Nas suas alegações finais, apresentadas na sexta-feira, o procurador especializado em crimes contra a humanidade, Ricardo Perciballe, afirmou que “em abril e maio de 1980, dezenas de pessoas foram ilegalmente privadas da sua liberdade, incluindo adolescentes”.
Acrescentou que, em 1984, foi detido um outro grupo, do qual Roslik fazia parte, e que “morreu em consequência da tortura que sofreu”.