Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

José Dirceu propõe a retomada da consciência de classe dos trabalhadores

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Quarta, 27 de Janeiro de 2021 às 14:29, por: CdB

Dirceu cita, por exemplo, a unificação das ações em massa a partir dos polos de poder nos Estados e municípios onde o campo progressista está presente. E também nos organismos de representação popular, como sindicatos e movimentos sociais.

Por Redação, com RBA - de São Paulo

A esquerda e o campo progressista devem ter como objetivo disputar a consciência social das classes trabalhadoras e voltar a dialogar com elas sobre o conceito de revolução social. É assim que, na avaliação do líder político e ex-ministro e ex-deputado José Dirceu (PT-SP), terão condições de se apresentar como alternativa ao bolsonarismo em 2022. “Com trabalho de base, sim, como nos velhos tempos, e também com inteligência estratégica”, afirma.

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O ex-ministro José Dirceu acredita que a classe média se revoltará contra Bolsonaro

Dirceu cita, por exemplo, a unificação das ações em massa a partir dos polos de poder nos Estados e municípios onde o campo progressista está presente. E também nos organismos de representação popular, como sindicatos e movimentos sociais. Em entrevista ao também ex-ministro Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande Sul, Dirceu observa que muito da sonhada unidade do campo progressista na construção de uma frente já está em andamento.

— Nós somos alternativa para 2022, mas precisamos unificar as forças progressistas em torno de um programa mínimo — afirmou ao programa República e Democracia – O Futuro não Espera, exibido pela TVT e a Rádio Brasil Atual, na noite passada.

Liberais

O programa está em sua segunda edição – na semana passada ouviu Ciro Gomes – e tem ainda muitos convidados pela frente para tratar desse desafio. O próximo será o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

Dirceu afirma que o campo da direita liberal já está se movendo para se apresentar como alternativa a Bolsonaro em 2022. Esse campo, no plano partidário, é representado por PSDB e DEM. No plano institucional, por parcela importante do Supremo Tribunal Federal (STF). E no plano da economia e empresarial por correntes liberais que se opõem ao caráter autoritário, obscurantista e ao fundamentalismo religioso do bolsonarismo.

— Porém, não ao seu programa econômico, e não, talvez, nas questões internacionais. Mas que nas questões ambientais, na agenda antirracista, na luta das mulheres e LGBT, já está disputando uma base social que sempre votou como o campo progressista — aponta o experiente articulador político.

Auxílio

O ex-parlamentar questiona se a oposição será mesmo capaz de reunir não apenas “os partidos – PT, PSB, PDT, PCdoB, PSOL, Rede, Cidadania e PV, mas também setores importantes da sociedade (intelectuais, artistas, classes médias progressistas)?”.

— Dá para apresentar uma candidatura única? Eu acredito que sim — responde.

Ele exemplifica com uma constatação do enfrentamento cotidiano ao governo Bolsonaro:

— Nós temos uma atuação conjunta no Congresso. Na reforma tributária, na Previdência, trabalhista, na questão do pacote anticrime. E agora na disputa na Mesa da Câmara. Estamos na agenda do impeachment. E estamos juntos também numa questão fundamental deste momento, que é a vacinação universal e gratuita. E ainda o auxílio emergencial e um programa de investimentos públicos de emergência para o país.

Fio da história

O ex-ministro considera, portanto, o campo progressistas adiantado em relação ao ponto de partida para uma plataformas que o unifica, que chama de “fio da história – um Brasil independente e soberano”. A segunda questão, entretanto, seria como construir uma estratégia agregadora pela restauração da democracia. O que para ele passa por superar um “governo militar, e do ponto de vista institucional, o que é mais grave”. Ele pondera que o campo democrático nunca conseguiu submeter o poder militar ao poder civil, “apesar da redemocratização do país e da vigência, por mais de 30 anos, da Constituição de 1988”.

— Só não vivemos uma ditadura porque o STF, o Congresso, a oposição de esquerda e uma parte importante da direita liberal se opuseram à marcha acelerada que o Bolsonaro pretendia fazer — argumenta.

Para Dirceu, “o Supremo impôs limites ao Bolsonaro. Na censura, na autonomia das universidades, na escola sem partido, quando ele quis governar por decreto, no meio ambiente, na questão indígena.

— E o Congresso não só impediu o pacote anticrime, a privatização da Previdência, como evitou o descalabro que seria o desvio de recursos do Fundeb para a educação privada — acrescentou.

Potencial

Dirceu, enfim, desenha o que une o campo democrático progressista. Mas mostra plena ciência do que o separa da direita liberal: reformas privatizantes, desindustrialização, desmonte do Estado nacional e do bem-estar social. Ele relembra: Fernando Henrique pretendia enterrar a Era Vargas, e o golpe a partir de Temer, enterrar a Era Lula.

— Ou seja, abrir mão de um projeto de desenvolvimento nacional. E, mais grave, desmontar o Estado de bem-estar social, uma conquista de 100 anos de luta, que não caiu do céu. Sempre houve luta neste país, e essa agenda se cristalizou na Constituição de 1988 — frisou.

O problema é que o que a esquerda viu no potencial brasileiro, a direta também vê. Um país determinante no mundo. Quinto território, sexta população, entre as 10 maiores economias.

— Não temos invernos. Temos base industrial, tecnológica, soberania de alimentos, soberania energética e limpa, um dos maiores mercados internos do mundo. E caminhávamos para consolidar a partir do pré-sal um novo ciclo de desenvolvimento econômico do país. Tudo isso foi cortado por uma operação que levou ao golpe – sacramentado com a prisão de Lula e sua exclusão do processo eleitoral de 2018 — relembra.

Enfim, para não ter de sucumbir a essa direita liberal – que a mídia hegemônica já constrói como opção para derrotar o bolsonarismo –, o caminho é “reconstruir a consciência social na classe trabalhadora”. E trazer de volta ao vocabulário a ideia de revolução social.

— Sem medo. Explicitando o que ela é — conclui.

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