O exercício do poder de impedir que a iniciativa liderada pelo Brasil por parte da Casa Branca foi visto como uma articulação com Israel para que apenas aquele país pudesse decidir o momento de permitir que os civis palestinos sejam resgatados. A manobra, no entanto, foi rapidamente detectada por todos os integrantes do colegiado, durante a visita do presidente Joe Biden a Tel Aviv.
Por Redação, com ABr – da ONU, NY-EUA
Refeito do impacto causado pela decisão dos EUA de vetar a resolução apresentada pela diplomacia brasileira por um corredor humanitário entre a Faixa de Gaza e o Egito, o chanceler Mauro Vieira determinou ao Itamaraty, nesta quinta-feira, que retomasse a articulação para que uma nova proposta seja elaborada com o mesmo objetivo.
O exercício do poder de impedir que a iniciativa liderada pelo Brasil por parte da Casa Branca foi visto como uma articulação com Israel para que apenas aquele país pudesse decidir o momento de permitir que os civis palestinos sejam resgatados. A manobra, no entanto, foi rapidamente detectada por todos os integrantes do colegiado, durante a visita do presidente Joe Biden a Tel Aviv. Com alto quorum de 12 dos 15 países votando a favor e Rússia e Reino Unido se abstendo, o Itamaraty credenciou-se para uma nova rodada de conversações sobre a resolução.
O Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas (ONU), sob a presidência rotativa do Brasil durante este mês, contará com a presença do ministro das Relações Exteriores (MRE), Mauro Vieira, que desembarcou em Nova York nesta quinta-feira para auxiliar na formatação da nova proposta. Da sede da ONU, Vieira seguirá para o Egito na sexta-feira, para participar de uma cúpula internacional sobre a crise no Oriente Médio.
População civil
Na véspera, o governo brasileiro manifestou-se sobre o veto da resolução para um cessar-fogo humanitário no conflito entre Israel e Palestina. Em nota, o MRE lamentou o veto e reiterou que "o Brasil considera urgente que a comunidade internacional estabeleça um cessar-fogo e retome o processo de paz".
"Como país historicamente comprometido com a paz e na qualidade de presidente do Conselho de Segurança durante o mês de outubro, o Brasil trabalhou arduamente para reduzir a polarização, acomodar posições e interesses divergentes e apresentar texto capaz de proteger as vidas de civis e de assegurar o acesso humanitário à população civil da Faixa de Gaza", afirmou o ministério.
Ainda de acordo com a nota, "o Brasil seguirá buscando construir acordos que aliviem a dramática situação humanitária a que assistimos e contribuam para a realização da solução de dois Estados, com um Estado Palestino economicamente viável, convivendo em paz e segurança com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas".
Terrorismo
“Como país historicamente comprometido com a paz e na qualidade de presidente do Conselho de Segurança durante o mês de outubro, o Brasil trabalhou arduamente para reduzir a polarização, acomodar posições e interesses divergentes e apresentar texto capaz de proteger as vidas de civis e de assegurar o acesso humanitário à população civil da Faixa de Gaza”, ressalta o documento.
O Itamaraty pontua também que o projeto “condena os atos de terrorismo perpetrados pelo Hamas em Israel em 7 de outubro de 2023; apela para libertação imediata e incondicional de todos os reféns civis; conclama a uma pausa humanitária a fim de permitir o fornecimento rápido e desimpedido da ajuda humanitária; exige o fornecimento contínuo de bens essenciais para a população civil, como artigos médicos, água e alimentos; e pede a rescisão da ordem para que civis e funcionários das Nações Unidas evacuem toda a área em Gaza ao norte de Wadi Gaza”.
“O governo brasileiro lamenta que, mais uma vez, o uso do veto tenha impedido o principal órgão para a manutenção da paz e da segurança internacional de agir diante da catastrófica crise humanitária provocada pela mais recente escalada de violência em Israel e em Gaza. O Brasil considera urgente que a comunidade internacional estabeleça um cessar-fogo e retome o processo de paz”, conclui a nota do Itamaraty.