Segundo representantes da indústria, há uma série de iniciativas tomadas para, em momentos de pico de demanda, a empresa ter como reduzir a produção sem afetar sua capacidade. Várias plantas industriais também se movimentam em face da crise hídrica.
Por Redação - de São Paulo
Uma das maiores produtoras mundiais de papel e celulose, a Klabin S.A. revelou, nesta quinta-feira, sua preocupação com o possível racionamento de energia em face da pior crise hídrica em mais de 90 anos. A fabricante da commodity disse a jornalistas, nesta manhã, ter montado um plano de contingência para tentar minimizar os efeitos de uma possível falta de eletricidade e organizou, inclusive, um comitê que monitora o tema de maneira permanente.
— O cenário é bem preocupante. Monitoramos todo o país e temos, em conjunto a entidades que nos apoiam neste tema e planos de contingência — disse Flávio Deganutti, diretor de Papéis da Klabin, ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP).
Segundo o executivo, a iniciativa considera que, em momentos de pico de demanda, a empresa teria como reduzir a produção sem afetar sua capacidade. A Klabin, no entanto, não é a única a se movimentar.
Usinas solares
A multinacional Rhodia S.A., do setor químico/têxtil, também acompanha de perto o cenário energético do país e passou a monitorar, permanentemente, o volume dos reservatórios que abastecem suas fábricas em Paulínia, interior de São Paulo, inclusive por meio de Câmaras Técnicas e especialistas. A empresa integra o consórcio intermunicipal PCJ (das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), que trabalha para tentar aproveitar melhor os recursos hídricos da região. Desde a grave crise de 2014/2015, a Rhodia investiu na redução da captação de água, mesmo com o aumento da produção.
Em linha com as demais indústrias, a produtora de bebidas Ambev S.A. tem acompanhado a situação e os possíveis impactos – e olhado com mais cuidado a questão elétrica, principalmente para os próximos semestres. Nos últimos anos, a cervejaria substituiu o consumo de combustíveis fósseis por óleo vegetal, biomassa e biogás. Até o fim do ano, os centros de distribuição serão abastecidos por usinas solares, entre outros investimentos para depender menos do sistema.
De acordo com o presidente da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, há outras empresas preocupadas com a possibilidade de corte compulsório de energia pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em horários de pico.
— O Esquema Regional de Alivio de Carga (Erac) nos assusta muito porque um corte compulsório pode provocar danos maiores à produção, e algumas indústrias podem levar horas ou dias para retomá-la. Queremos evitar isso — concluiu.