Segundo Haddad, é preciso “compreender que essa harmonização é absolutamente imprescindível para a gente, a partir do ano que vem, crescer com robustez, com segurança e permitir que esse crescimento faça as adequações necessárias desse enorme conflito que precisa ser superado com prudência, seriedade e transparência”.
Por Redação - de Brasília
Ministro da Fazenda, o economista Fernando Haddad afirmou, nesta quinta-feira, que haverá problemas fiscais no país caso a atividade econômica brasileira permanecer em declínio. Para o ministro, é necessário equilibrar as políticas monetária e fiscal para permitir o crescimento sustentável do país.
— Não vejo as políticas fiscal, monetária e prudencial separadas umas das outras. Elas fazem parte da mesma engrenagem. Se a economia continuar desacelerando, por razões ligadas à política monetária, nós vamos ter problemas fiscais, porque a arrecadação vai ser impactada. Não tem como dissociar o monetário do fiscal — afirmou, em sessão de debate no Senado.
Segundo Haddad, é preciso “compreender que essa harmonização é absolutamente imprescindível para a gente, a partir do ano que vem, crescer com robustez, com segurança e permitir que esse crescimento faça as adequações necessárias desse enorme conflito que precisa ser superado com prudência, seriedade e transparência”.
Inflação
Presentes ao debate, o presidente do Banco Central, economista Roberto Campos Neto, e a ministra Simone Tebet (Planejamento) também lideraram a discussão sobre juros, inflação e crescimento econômico. O convite para o encontro de ideias partiu do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Aos senadores, Haddad voltou a apontar para a necessária abertura da "caixa-preta" de benefícios fiscais e celebrou o resultado de julgamento bilionário que discutia a possibilidade de empresas usarem benefícios fiscais de ICMS para reduzir a base de incidência de dois tributos federais (no caso, IRPJ e CSLL).
— Há que se falar em corte de gastos? Na nossa opinião, sim. Sobretudo o gasto tributário. (Na véspera) nós tivemos uma vitória importante no STJ, por unanimidade — observou.
Especialistas
Entre os debatedores, participaram também o ex-presidente do BC, Armínio Fraga, o ex-presidente da Câmara dos Deputados e atual presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, Rodrigo Maia, os presidentes da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney Ferreira, e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes da Silva, e da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, além de outros especialistas.
De acordo com o requerimento da sessão, o debate tinha como objetivo explicar aos senadores os motivos das "elevadas expectativas inflacionárias" e os "vultosos juros reais que predominam no Brasil" – a taxa básica de juros (Selic) está fixada desde agosto de 2022 em 13,75% ao ano.
Em suas recentes declarações, Haddad vem defendendo que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem criado condições favoráveis para o início do corte de juros, mostrando compromisso com o equilíbrio das contas públicas com a apresentação do novo arcabouço fiscal e a negociação da reforma tributária.