A adesão da Febraban a um manifesto a ser publicado na próxima terça-feira, que sai em defesa da harmonia entre os Poderes e do Estado democrático e de direito gerou a violenta reação das instituições bancárias estatais. Tanto o BB quanto a CEF seriam, neste caso, favoráveis às teses extremas do mandatário neofascista.
Por Redação - de Brasília e São Paulo
Não passou despercebida a decisão do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) de pressionar parcela do empresariado brasileiro que se afasta da tentativa golpista, em curso. Ainda neste domingo, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara registrou que convocará os integrantes governo envolvidos na ameaça do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF) de se afastar da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
A adesão da Febraban a um manifesto a ser publicado na próxima terça-feira, que sai em defesa da harmonia entre os Poderes e do Estado democrático e de direito gerou a violenta reação das instituições bancárias estatais. Tanto o BB quanto a CEF seriam, neste caso, favoráveis às teses extremas do mandatário neofascista. Na avaliação do Palácio do Planalto, a adesão da Febraban será uma manifestação política contra o governo Bolsonaro.
Diante da demonstração ideológica da atual administração federal, o presidente da Comissão de Fiscalização da Câmara, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), fará um requerimento para ouvir, em audiência pública, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os presidentes do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, e o da Caixa, Pedro Guimarães, dentro dos próximos dias.
Guerra ideológica
Segundo o parlamentar, trata-se de uma demonstração inequívoca de que o governo está "desconectado" do mundo real.
— Trata-se de mais uma pauta ideológica do governo, que não respeita as instituições. O presidente da República não pode incluir as instituições bancárias na sua guerra ideológica. São dois bancos fundamentais para o país, que não podem ser afetados por esse clima — disse Ribeiro, a jornalistas.
O deputado também não poupou críticas ao ministro da Economia, o empresário Paulo Guedes.
— Está virando um filme de terror. O ministro vive num mundo irreal e não se atenta para os 15 milhões de desempregados, o preço do quilo de carne, do litro de gasolina, da conta de luz. E coisas que não têm importância, como essa ameaça a Febraban, ganham uma relevância tremenda — apontou o deputado.
Governança
Tanto no BB quanto na CEF, no entanto, uma parcela da diretoria questiona se a saída da Federação poderá ser tomada por órgãos de controle, como Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal (MPF), como ingerência política em instâncias do Estado brasileiro.
O desligamento dos dois maiores bancos da associação que representa as instituições financeiras também pode gerar consequências em "objetivos comuns", como a reforma tributária, em que todos estão do mesmo lado.
Procurados pela reportagem do Correio do Brasil, nesta tarde, BB e CEF não responderam aos pedidos de entrevista. A Febraban, em nota à imprensa, recusou-se a comenta sobre posições atribuídas a seus associados.