Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Greve dos Correios vai para o Tribunal Superior do Trabalho

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Quinta, 12 de Setembro de 2019 às 08:32, por: CdB

Os funcionários do Correios entraram em greve por melhores condições salariais e contra a privatização da empresa, anunciada pelo governo de Jair Bolsonaro.

Por Redação, com Sputnik - de Brasília
Os Correios entraram com um pedido de dissídio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho (TST) nesta quinta-feira. Agora, sindicatos da categoria e a companhia estatal irão negociar em Brasília.
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Os Correios entraram com um pedido de dissídio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho
Caso haja acordo, ele será homologado. Caso não haja consenso, a disputa será julgada pelo TST, em data ainda não definida. Os Correios pedem que a greve seja suspensa, sob pena de multa. Os funcionários do Correios entraram em greve na terça-feira por melhores condições salariais e contra a privatização da empresa, anunciada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). A direção dos Correios oferece um reajuste anual salarial de 0,8% para a categoria, aumento na coparticipação no plano de saúde e a exclusão de 45 cláusulas do atual acordo vigente, diz a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect).

"A direção da ECT e o governo querem reduzir radicalmente salários e benefícios para diminuir custos e privatizar os Correios. Entregar o setor postal a empresários loucos por lucro", diz a Findect em nota.

A adesão ao movimento grevista está entre 60% a 65%, afirma a revista Veja. A direção dos Correios afirma que medidas emergenciais foram tomadas para mitigar os efeitos da mobilização trabalhista. Serviços com hora marcada, como Sedex 10 e Sedex Hoje, foram suspensos temporariamente.

Serviços postais

A direção dos Correios afirmou, em nota, que a greve aprovada pelos trabalhadores da empresa ainda não afetou os serviços postais, financeiros e de conveniência prestados nos mais de 12 mil pontos de atendimento espalhados pelo país. Em nota divulgada na tarde anterior, a diretoria da empresa classifica a iniciativa dos empregados da estatal de “paralisação parcial”. Segundo a diretoria, 82% do efetivo total das agências estão trabalhando normalmente nesta quarta-feira. Em Brasília, o percentual é de 88,47%, de acordo com a empresa. Para minimizar eventuais impactos futuros à população, os Correios colocaram em prática seu Plano de Continuidade de Negócios, que prevê medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões. A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) afirmou que o movimento é nacional, por tempo indeterminado. A reportagem não conseguiu contato com os dirigentes sindicais após os Correios divulgarem a nota. Em assembleia realizada na terça-feira à noite, em São Paulo, o vice-presidente da Findect, Elias Cesário de Brito Júnior, afirmou que a categoria foi “empurrada” para a greve. “Não queríamos entrar em greve. Queríamos continuar trabalhando como sempre fizemos, servindo à população e defendendo nossos empregos. Há mais de três meses estamos negociando, colocando a pauta de reivindicações em nível nacional. O TST [Tribunal Superior do Trabalho] teve que intervir”, disse, durante a assembleia. Além de ser contrária à proposta de privatização dos Correios, a categoria reivindica a prorrogação do Acordo Coletivo de trabalho (ACT), que venceu em 31 de julho, a reposição das perdas inflacionárias dos últimos anos e a manutenção do vale-alimentação e do plano de saúde. No mês passado, o governo federal incluiu os Correios no Plano Nacional de Desestatização (PND) e inaugurou a fase de estudos para privatizar, total ou parcialmente, a empresa e outras estatais. A abertura de estudos não indica necessariamente que uma empresa será privatizada, restando, como alternativa para as companhias federais incluídas no plano, a assinatura de parcerias com o setor privado. De acordo com Martha Seillier, secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), da Casa Civil, o objetivo inicial dos estudos é analisar a viabilidade econômica dos ativos federais (empresas, ações e serviços) e o possível impacto de parcerias com a iniciativa privada. A negociação das cláusulas do acordo foi parar no Tribunal Superior do Trabalho (TST), que, na semana passada, após várias tentativas de compatibilizar os interesses de trabalhadores e da empresa, decretou a extinção do procedimento de mediação e conciliação pré-processual. Segundo a assessoria do tribunal, a direção dos Correios não aceitou a proposta de prorrogar o acordo coletivo para permitir o prosseguimento das negociações, que, segundo a assessoria do tribunal, “evitaria a greve da categoria”. “Querem reduzir radicalmente os salários e benefícios para diminuir custos e privatizar os Correios”, informou a Findect, entidade que reúne os sindicatos que representam os cerca de 100 mil empregados da empresa. “Para manter nosso acordo coletivo, repor as perdas aos salários e manter os empregos, teremos que lutar.” A direção dos Correios afirma ter apresentado aos representantes dos trabalhadores os números que revelam a “real situação econômica da estatal”. De acordo com a direção da empresa, os prejuízos operacionais acumulados chegam a R$ 3 bilhões.

Plano

Em nota divulgada nesta tarde, a direção da empresa informa que está em execução um plano de saneamento financeiro para garantir competitividade e sustentabilidade. “Desde o início de julho, a empresa participa de reuniões com os representantes dos empregados, nas quais foi apresentada a real situação econômica da estatal e propostas para o acordo dentro das condições possíveis, considerando o prejuízo acumulado. As federações, no entanto, expuseram propostas que superam até mesmo o faturamento anual da empresa”, destaca a nota. “Vale ressaltar que, neste momento, um movimento dessa natureza agrava ainda mais a combalida situação econômica da estatal. Por essa razão, os Correios contam com a compreensão e responsabilidade de todos os seus empregados, que precisam se engajar na missão de recuperar a sustentabilidade da empresa e os índices de eficiência dos serviços prestados à população brasileira”, acrescenta o texto.
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