A Ucrânia efetuou na madrugada desta quarta-feira um dos maiores ataques com drones contra o território russo e, segundo Moscou, matou uma criança com sua mãe, além de ter provocado um incêndio em uma refinaria.
Por Redação, com CartaCapital – de Moscou
A Ucrânia efetuou na madrugada desta quarta-feira um dos maiores ataques com drones contra o território russo e, segundo Moscou, matou uma criança com sua mãe, além de ter provocado um incêndio em uma refinaria.

Kiev intensificou os ataques aéreos contra instalações de energia e militares de Moscou nos últimos meses, em resposta aos bombardeios russos que o território ucraniano sofre há quase três anos.
O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que “interceptou” 104 drones sobre nove regiões do país, incluindo algumas a centenas de quilômetros da linha de combate.
Este é um dos maiores ataques desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, e o segundo desta magnitude em menos de uma semana, depois uma campanha similar com 120 drones em 24 de janeiro, segundo Moscou.
Um dos dispositivos atingiu uma casa em um vilarejo na região fronteiriça de Belgorod, matando “uma criança de dois anos e sua mãe”, informou o governador Vyacheslav Gladkov no Telegram.
Outra criança e seu pai, que também estavam na casa, ficaram feridos, segundo o governador, que não informou se todos eram da mesma família.
O vilarejo fica a 30 quilômetros da fronteira ucraniana, perto da capital regional, Belgorod.
O exército ucraniano afirmou ter atacado uma refinaria distante da fronteira, na região russa de Nizhni Novgorod (centro-oeste).
A estrutura, localizada na cidade de Kstovo, fica a quase 750 quilômetros da Ucrânia em linha reta e a 400 quilômetros ao leste de Moscou.
“Unidades do serviço de inteligência do Ministério da Defesa ucraniano, em cooperação com outros componentes das forças de defesa, atacaram a refinaria de petróleo de Nizhny Novgorod”, afirmou o Estado-Maior do exército ucraniano em um comunicado, sem divulgar mais detalhes.
A empresa petroquímica Sibur, proprietária das instalações, afirmou no Telegram que destroços de drones provocaram um incêndio, sem vítimas.
Um drone também foi derrubado “durante uma tentativa de ataque contra uma instalação nuclear”, que não provocou danos, informou o governador da região de Smolensk, Vasily Anokhin.
O exército da Ucrânia, com falta de homens e armas, está recuando no leste e nordeste do país há mais de um ano, apesar das perdas infligidas à Rússia e da ocupação de centenas de quilômetros quadrados na região da fronteira russa de Kursk.
Este revés e a chegada ao poder de Donald Trump nos Estados Unidos intensificaram a especulações sobre as negociações de paz e a continuidade da ajuda militar americana, crucial para Kiev.
Zelensky diz que ‘muitos projetos’ estão suspensos na Ucrânia
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou na terça-feira que “muitos projetos” ficaram suspensos no país devido à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de congelar a ajuda externa americana.
– Há muitos projetos [afetados]. Vamos determinar quais são críticos e precisam de soluções agora – disse Zelensky em seu pronunciamento diário. “Podemos aportar parte dessa financiamento por meio de nossas finanças públicas”, indicou.
O novo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou na semana passada a suspensão de quase toda a ajuda externa dos Estados Unidos, cortando os fundos para muitos programas na Ucrânia, incluindo organizações que apoiam veteranos e meios de comunicação locais.
– Hoje, instrui os funcionários do governo a informarem sobre os programas de apoio dos Estados Unidos que estão atualmente suspensos. Esses são programas humanitários – disse Zelensky em sua mensagem.
– Definitivamente apoiaremos aqueles assuntos prioritários, os que dizem respeito às crianças ucranianas, aos nossos veteranos e aos programas para proteger nossa infraestrutura – precisou.
A Ucrânia se tornou extremamente dependente da ajuda estrangeira para o trabalho humanitário desde que começou a invasão russa em fevereiro de 2022, e os Estados Unidos forneceram bilhões de dólares em apoio.
Em outra mensagem, Zelensky afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, tem “medo” das negociações para acabar com a guerra.
– Hoje, Putin confirmou mais uma vez que tem medo das negociações, que tem medo dos líderes fortes e que faz de tudo para prolongar a guerra – escreveu Zelensky na rede social X.
Putin afirmou na terça-feira que seu país estava disposto a negociar para acabar com o conflito na Ucrânia, mas rejeitou a possibilidade de realizar conversações diretas com Zelensky.
– Se [Zelensky] quer participar das negociações, escolherei pessoas para participarem das negociações – declarou Putin, classificando o presidente ucraniano de “ilegítimo” porque seu mandato expirou durante a lei marcial.
A legislação ucraniana proíbe a realização de eleições enquanto a lei marcial está em vigor. A norma foi decretada no início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022.