O procurador da República Sérgio Pinel afirmou, a jornalistas, ter encontrado “fortes indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro” envolvendo o senador. Pinel manifestou sua posição à Segunda Câmara de Coordenação e Revisão do MPF.
Por Redação - do Rio de Janeiro
As investigações em curso no Estado do Rio de Janeiro, quanto à participação do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) no intrincado processo que levanta os crimes de evasão de divisas, formação de quadrilha e peculato, entre outros delitos, o colocam em uma posição ainda mais comprometedora. Foi divulgado, nesta segunda-feira, mais um relatório do Ministério Público Federal (MPF).
O procurador da República Sérgio Pinel afirmou, a jornalistas, ter encontrado “fortes indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro” envolvendo o senador. Pinel manifestou sua posição à Segunda Câmara de Coordenação e Revisão do MPF. Ele pede que o caso seja transferido para o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ) por entender que os supostos ilícitos encontrados não se configuram em crimes federais.
O MP fluminense investiga o possível esquema de ‘rachadinha’ no gabinete que Bolsonaro manteve, na Alerj, desde 2018. Segundo o procurador, já existem indícios de que o senador lavou R$ 2,27 milhões com a compra de imóveis e a franquia de uma loja de chocolates. De pronto, a Segunda Câmara de Coordenação e Revisão acatou o pedido e determinou que o caso seja encaminhado à esfera estadual.
Dinheiro fácil
Ao longo do período em que ocupa cargos eletivos, o filho primogênito de Bolsonaro adquiriu 19 imóveis, desde que assumiu o primeiro mandato, em 2003. Conforme consta na petição, Pinel fez referências, em especial, à compra e venda de dois apartamentos em Copacabana, na Zona Sul da Cidade.
De acordo com o relatório, Flávio e mulher dele, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, fizeram dinheiro fácil ao comprar um imóvel na Rua Barata Ribeiro por R$ 170 mil, em 27 de novembro de 2012, tendo os vendedores sido representados por um representante, Glenn Howard Dillard. Um ano depois o imóvel foi vendido por R$ 573 mil, "uma impressionante valorização de mais de 200% em curto período”, afirma o procurador.
De acordo com o relatório, "as circunstâncias em que as compras (imóveis) foram feitas sugerem que os registros do valor de compra foram subavaliados, com parte do valor sendo pago por fora, em típico modus operandi de quem pretende ocultar a proveniência ilícita dos recursos e os converter em ativos lícitos com uma valorização irreal dos bens comprados”.
Falsidade
Em 27 de novembro de 2012, quando o casal Bolsonaro comprou um imóvel na Rua Prado Júnior, um conhecido ponto de prostituição também em Copacabana, por R$ 140 mil, foi representado também por Dillard. Um ano e alguns meses depois da compra, o casal vendeu o apartamento por R$ 550 mil, com valorização novamente superior a 200%, em período ainda mais curto. Dillard foi processado por Charles Eldering, dono do imóvel, por não ter recebido o dinheiro da venda.
Ainda entre 2014 e 2016, o primogênito declarou ser proprietário de um apartamento no bairro de Laranjeiras, mas atribuiu valores diferentes para a mesma unidade a cada ano. Ao disputar a reeleição na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), em 2014, Bolsonaro declarou o imóvel com valor de R$ 565 mil. Quando disputou a prefeitura carioca em 2016, no entanto, ele declarou R$ 423 mil, ou seja, metade do patrimônio, que no total custaria R$ 846 mil.